sábado, 17 de setembro de 2016
\Still fighting
So, it's been a while.
Estive e ainda estou querendo tirar um tempo pra fazer coisas como escrever aqui no blog, mas o meu semestre começou, e começou com tudo. Estou com pelo menos três trabalhos pra próxima semana e várias, várias coisas pra ler. Estava fazendo isso até minutos atrás, mas cheguei naquele ponto em que já não consigo processar muito bem as informações e começo a voltar no texto várias vezes, então resolvi dar uma pausa. E cá estou.
Estou tomando regularmente agora a homeopatia que eu falei no último post, e estou muito, muito bem. é incrível como esse remédio me ajuda. É clara a diferença, eu fico rindo quase o dia inteiro com o remédio, e sem ele, não consigo rir de nada. Nada. Por isso, até agora, minha experiência no segundo semestre tem sido bem diferente. Estou conseguindo, na maior parte do tempo, não sentir desespero. E isso é muita coisa.
Estou passando meus dias sem grandes traumas, que eram diários, e consigo conversar com pessoas agora. Até fui ver filme na casa da uma amiga, que está morando lá. Isso era impensável pra mim semestre passado. Então, sim, houve progresso, e estou feliz com isso.
Bom, deixando de lado as questões da faculdade (por favor), estou sem tempo pras coisas, mas mantendo meus interesses. Nesse mês, voltou a minha vontade de ter uma câmera digital semiprofissional. Eu sempre, sempre quis uma, e volta e meia eu meio que me decidia que ia comprar uma, mas óbvio que nunca deu. Essas câmeras são muito caras, e nas poucas vezes que meus pais me permitiam comprar uma coisa cara assim, eu geralmente pedia um celular ou notebook porque são coisas essenciais. Mas eu tinha planejado de no fim desse ano comprar (pedir) um celular novo, e agora decidi que vou pedir uma câmera no lugar disso. Não me importo de manter meu celular velho, eu só quero uma cãmera de verdade.
Sempre gostei de fotografia, e por isso sempre fui exigente com câmeras, achando a maioria delas muito bosta, haha. E agora, tenho sentido uma falta muito grande de ter alguma coisa mais "artística" no meu dia-a-dia. Eu não posso mais pintar em tecido como antes porque tudo o que eu uso pra isso fica em casa, onde eu só estou agora nos fins de semana. E também, tenho ficado mais animada com meu instagram, estou postando fotos mais legais, mais pensadas, digamos. Aí eu penso que gostaria muito de poder fazer isso melhor, estudar melhor fotografia, e praticar.
Bom, esse post foi ficando muito corrido porque me distraí demais escrevendo. Espero poder voltar em breve.
Bisous,
Dill, xx.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Down, down, and down again - is there a way up?
Minhas aulas voltaram e já terminei a primeira semana. Posso dizer que o pânico em que eu estava antes desta semana passou, e isso é bom, claro. Acho que fiquei menos ansiosa também durante essa semana, e o que me ajudou muito também foi que voltei a tomar a minha homeopatia staphysagria que estava esquecida no meu armário. Ela me ajuda muito, muito mesmo a não cair tão fundo na minha tristeza cotidiana. Sem ela, eu simplesmente começo a ficar muito triste e desanimada - coisas que eu já achava que eram simplesmente o meu jeito de ser, e que eu nem notava direito; só passei a notar depois de melhorar com o remédio e voltar a ter os episódios de tristeza. Se eu tomo ela hoje e não tomo mais, daqui a três dias estou chorando e tendo pensamentos muito pessimistas, tudo isso de forma calma, sem desespero, porque já é o meu "normal". I've been down, down so long / looks like up, up to me.
Bom, com tudo o que aconteceu no pré-volta as aulas, eu resolvi me dar por vencida e procurar uma ajuda psiquiátrica. Porque eu sempre tive um pensamento meio revolucionário contra remédios pra "distúrbios mentais", não no geral do tipo deviam ser proibidos, mas de um jeito bem pessoal mesmo, sempre me recusei a recorrer a isso, por vários motivos. Primeiramente, eu tinha medo; de viciar, de piorar os sintomas (eu já ouvi casos horríveis de pessoas que tiveram o pânico aumentado com remédios que deviam controlar isso), de ter efeitos colaterais estranhos (algo que me deixasse uma pessoa diferente, de alguma forma), ou de ficar anestesiada por completo. Mas principalmente, o que me fazia não tomar remédios era a ideia de que eu estaria me apagando, ou maquiando quem eu sou pra conseguir viver, ter um lugar no mundo. Eu já falei várias vezes aqui no blog sobre a minha dificuldade em saber o que sou eu e o que é doença. O pânico, a ansiedade e depressão ocasional têm estado comigo há tanto tempo que eu nunca consegui estranhar os sintomas - pra mim, era aquilo que eu era, não existia um "antes dos sintomas", uma normalidade pra comparar com o que eu estava vivendo.
Vários episódios da minha infância hoje eu sei que foram ataques de pânico e ansiedade, e alguns períodos também identifico como depressão. Me lembro de achar um dos meus primeiros diários, e ver que na maior parte das páginas eu relatava tristeza e que eu chorava todos os dias e detestava a minha vida. E eu era só uma criança. Por isso - por não saber o que é uma vida sem a doença - eu de certa forma, me identifico com o que eu sou. Toda a minha esquisitisse em público por mais que me cause muitos males, me é muito cara porque é também quem eu sou.
Acho que na verdade, isso pra mim se trata de confrontar o mundo com a anormalidade. Porque eu não acho certo, não concordo com essa forma de viver que nós temos de esconder tudo o que sai um pouco da linha ideal. Aliás, sempre fui revoltada com isso, com a dificuldade das pessoas de aceitar, respeitar o que é diferente. E socialmente falando, hoje em dia nós procuramos todas as maneiras possíveis de eliminar tudo o que é anormal: a gente faz cirurgia pra ficar mais parecido com todo mundo, a gente toma remédio psiquiátrico ra conseguir fazer o que todo mundo faz, viver como todo mundo vive, e vamos aos poucos eliminando tudo o que existe na gente de original, sincero, real. Eu não entendo essa obsessão por querer parecer com todo mundo. Me lembro que as garotas do meu colégio pareciam todas irmãs, absurdamente iguais. Mas também não posso falar disso como algo totalmente externo a mim. Afinal, por mais que eu seja a única na minha sala que se veste de preto, camisa xadrez e blusas largas, existem mil outras pessoas no mundo que vestem exatamente o mesmo, e não por coincidência. Essa maneira de se vestir, como quase todas as outras, é intencional e objetiva a identificação de um grupo. Mesmo que não se conheçam, essas pessoas podem se identificar como parecidas pela forma de se vestir. E eu também faço isso.
O que eu queria dizer, é que pra mim, tomar remédios psiquiátricos significava abdicar de quem eu sou em prol da ordem social. Parecia que eu estaria servindo a eles e não a mim. Porque, no fundo, às vezes penso que a doença não é o problema. Porque dentro de casa, sozinha com meu notebook e meus livros, eu não tenho síndrome do pânico, nem fobia social. E, se eu não tivesse quase todas as minhas atividades permeadas por interações social que me fazem falhar miseravelmente, e me sentir estranha, errada, idiota e inútil, eu não teria depressão (imagino, porque depressão pode ter causas neurológicas). Então, por boa parte da minha vida, eu tentava culpar o mundo a minha volta por tudo o que eu sofria, mas nunca tive sucesso nisso. Porque no fim do dia eu sempre culpava a mim. Eu estava fazendo tudo errado, eu não sabia ser do jeito certo lá fora. E pra falar a verdade, ainda não sei. E não quero saber. Porque só a pretensão de estabelecer um "certo" pra ser me dá nojo e tristeza.
É ridículo querer tolir algo tão precioso quanto a personalidade em prol da aparência social; pra ficar "bonito".
Mas como eu disse lá em cima, tomei a decisão de procurar um psiquiatra pra me receitar algum remédio. Porque eu não consigo viver do jeito que eu sou. Tudo pra mim é muito sofrido, muito cansativo. Não encontro prazer na maioria das coisas, e tudo o que as pessoas fazem me parece sem sentido. Eu não quero fazer parte do que eles fazem, nem fazer o que eles fazem. Mas eu quero poder respirar sem medo lá fora. Eu passo o dia inteiro tendo vários picos de pânico, seguidos por tristeza profunda, porque eu não consigo parar de ter medo. Eu não durmo direito, acordo muito cedo sem motivo. Me machuco, e acabo descontando todo o estresse em mim mesma. E o pior de tudo: não consigo ser quem eu sou lá fora. Não consigo me dedicar a faculdade como eu queria e deveria porque estou sempre morrendo de medo, tentando fugir de lá.
Então, eu vou tentar. Porque eu acho que meu sofrimento não é normal, e demorei a ver isso. Não sou a melhor pessoa do mundo, mas talvez eu mereça um pouco de paz.
Dill, xx.
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