See I'm stuck in a city but I belong in the field.
Olha dessa vez faz muito tempo mesmo que não entro aqui. E nem foi por falta de tempo. Fiquei a semana passada inteira em casa, e na verdade tentei escrever aqui duas vezes, mas não estava conseguindo escrever nada coerente. Não sei por quê, tenho estado assim, com a cabeça meio confusa. Começo a escrever e quando vejo estou escrevendo uma coisa bem nada a ver e nem eu estou gostando do que estou escrevendo.
Bom, hoje vim escrever meio sem objetivo também, só pra quebrar a fase de não escrever. Na verdade estou me sentindo meio mal.
Depois de vários dias em casa, veio o que eu já esperava: uma dificuldade dos infernos de voltar pro dia-a-dia na faculdade. Tentei me lembrar que eu ia voltar o tempo todo, pra ver se ajudava na hora do choque, e ajudou mesmo, acho que fiquei menos impactada. Mesmo assim, neste momento, estou com o coração pesado. É terça-feira e amanhã eu tenho muitas aulas, tenho trabalho pra entregar quinta-feira, e duas apresentações grandes pra semana que vem, que vão exigir trabalhos escritos pra cada uma. Eu odeio esse tipo de coisa. Odeio de verdade. Nunca me adaptei a trabalhos, sempre fui fã de provas, se dá pra dizer alguma coisa assim. Trabalho em grupo então. Nem vou comentar. Mas eu fico pensando às vezes em como as coisas exigem muito das pessoas. Meu dia a dia é muito corrido, muito mesmo, e me parece que estou sempre atrás, sempre correndo atrás de alguma coisa muito mais rápida que eu. Nunca li o suficiente, entendi o suficiente, escrevi, fiz, pensei o suficiente. Está sempre faltando alguma coisa e eu não consigo respirar no meio disso tudo.
Nessas horas que eu não sei se estou fazendo a coisa certa na vida. Acho que comecei a escrever um post aqui sobre isso, mas apaguei. Porque não posso deixar de notar que, apesar de saber que sempre odiei escola, e principalmente o modelo escolar de educação, fui eu quem estudou sozinha pra passar pra uma faculdade. E agora, no meio do meu segundo período de faculdade, eu não entendo direito por que fiz isso. Sempre quis estudar psicologia, disso eu sei. E acho que se existir um motivo coerente pra eu estar na faculdade é isso: preciso do diploma pra atuar como psicóloga. Mas ainda assim, eu acho que existem outros desejos em mim, talvez mais forte que a psicologia, mas que eu nunca dei vazão. E acho que foi por medo de querer.
Sabe, até hoje a melhor definição de dúvida pra mim é uma que eu li num dicionário infantil: dúvida é quando você sabe exatamente o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa.
Não acredito que eu não saiba o que quero. Eu ou qualquer outra pessoa. Acho que eu tenho é muito medo de querer uma coisa muito louca, tão louca que poderia até me fazer feliz. Porque a felicidade, então, é mais apavorante ainda. Lembro daquelas piadas do Twitter do tipo "deus me livre ser feliz" e fico pensando o quanto eu tenho corrido atrás da minha infelicidade. Quer dizer, por que eu, com tantos lugares no mundo pra ir, tanta coisa pra fazer diferente, fui me colocar logo na faculdade? Sei que a faculdade parece uma escolha muito óbvia pra maioria das pessoas, mas por que fiz essa escolha pra mim? Por que fui me colocar num dos lugares que mais odeio? Não posso deixar de notar essa ironia gritante. Eu fico pensando se as outras pessoas são assim também. Se elas se colocam em lugares horríveis pra pelo menos sofrer uma dor que elas escolheram. Porque acho que é isso que eu faço. Talvez eu tenha aprendido com a minha vida até agora, que o sofrimento está sempre presente, não importa o que aconteça. Mas se ele não é inevitável, talvez eu possa prevê-lo, medi-lo, calculá-lo e ajustá-lo no meu dia-a-dia. Posso arranjar um trabalho e sofrer de 9 às 18. Talvez isso torne a dor um pouco mais palpável, um pouco mais lógica, não sei. Talvez mais controlável. Talvez pareçamos menos ridículos se parecermos no controle. Só não sei se vale a pena viver fingindo só pra não ser ridículo.
Bom, acho que me atrapalhei um pouco aqui, mas eu queria falar disso porque, como falei, tenho me sentido mal com a faculdade. Não tenho talento nenhum pra viver coisas que não fazem sentido pra mim. Sou muito revoltada com qualquer coisa que tente "ser porque é" ao meu redor, e acho isso bom e ruim ao mesmo tempo. Porque ao mesmo tempo que me sinto feliz por parecer mais autêntica (pra mim mesma, não pros outros), me sinto muito triste por parecer sempre sozinha nisso. Ninguém questiona, e principalmente, não gostam de quem questiona muito as coisas. Eu percebo o desconforto que eu sou pra muitas pessoas, porque geralmente acabo falando coisas muito duras que, não raro, são os fundamentos da vida dessas pessoas.
Eu considero a visão crítica quase um talento, como ver através das coisas, mas ao mesmo tempo, sei que além de isso não ser tão grande coisa, é algo muito difícil de domar e de ser aproveitado pro bem.
Acho que o que eu queria dizer com tudo isso é que eu devia buscar algum sentido nas coisas que faço. Mas ao mesmo tempo, não sei se estou exigindo demais das coisas. Porque todo mundo parece bem satisfeito com as coisas do jeito que são.
Ou talvez eu só esteja entendendo tudo errado. Não seria a primeira vez. Não sou muito boa em viver nesse mundo.
Le Dill, xx.
P.s.: Muito tempo que não coloco nenhum vídeo aqui. Vou colocar Nightcall, que canaliza tão bem a noite na cidade que quase assusta. Estava na trilha sonora de Drive, um filme muito bom onde a noite também foi muito bem representada. Apesar de ter escolhido essa música, estou ouvindo Mr. Brightside, que me traz um conforto por soar um pouco como os anos 90.
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