Estou precisando digerir algumas coisas e a única forma de fazer isso pra mim é escrevendo. Porque além de as coisas estares ruins, eu não estou entendendo direito a minha situação.
De novo, meu pai disse que não vai poder me dar nenhum dinheiro esse mês. Nenhum. E eu, mais uma vez, fiquei muito abalada. Todos os pensamentos surgiram de novo: como vou conseguir me manter na faculdade assim? como vou manter minha rotina, minhas compras? o quanto isso vai afetar minha independência?
Escrevendo isso agora, já entendo um pouco mais que é possível que eu continue na faculdade. Ganharei 300 reais da minha mãe por mês, mas só quando as minhas contas acabarem, o que vai demorar uns 3, 4 meses pra ficar pelo menos significantemente menor. E meu desespero vem um pouco disso: vou passar 3 meses sem comprar absolutamente nada? Eu, que não tenho mais nada pelo que viver? Estou tentando mudar essa visão minha, de que sou sozinha e não tenho nada, mas com essa pressão de ficar sem dinheiro, fica bem difícil controlar.
Estou com muita, muita raiva do meu pai agora. E mais uma vez revoltada com a minha situação. Eu não fiz nada pra causar essa situação, mas me encontro nela por depender de uma pessoa que não merece confiança. O que posso fazer?
Me sinto cansada, idiota e inútil. Não posso fazer nada por mim nem pelas pessoas a minha volta agora. Só posso esperar, e quando começar o semestre (o que não tem data), dar o meu melhor. Me assusta eu não ter condições pra isso.
Fora isso, estou me sentindo muito desiludida. Pensando aqui, estou praticamente na mesma situação de 4 anos atrás. Eu sei que a faculdade é um investimento de longo prazo, mas os custos só aumentam e aumentam e aumentam. Mas é tudo que eu tenho.
Ontem fiquei muito triste pensando em como eu sempre fui ambiciosa e sonhadora, e agora, aos 24 anos, desempregada, ainda estudante, sem renda própria, deprimida, tomando remédios, quase sem amigos, e com uma vida bastante vazia pra uma pessoa da minha idade, fico pensando se ainda dá tempo. Bom, pelo menos pra fazer as coisas de um jeito bonito, no tempo certo. Nesse ponto, eu não sei o que está certo ou errado, o que é aceitável ou não pra uma vida. Não sei se acertei ao entrar na faculdade. Principalmente em uma tão distante. Tenha 90% de certeza que cometi um erro indo estudar longe.
E, de novo, me irrita lidar, e chorar pelos mesmos motivos desde os 12 anos.
Fica difícil achar algum valor na minha vida, em me manter viva com isso tudo em mente.
Dill, xx.
sexta-feira, 27 de março de 2020
sábado, 14 de março de 2020
Currently
Nem sei exatamente o que quero falar aqui.
Os últimos dias têm sido bons, comigo em casa, escolhendo fazer bem pouco. Mas quando consigo, leio meu livro que chegou, o primeiro livro que comprei para a faculdade (e estou no 8o período). Fico assistindo muita tv, basicamente programas de investigação e os Simpsons.
Há uma semana, eu estava em uma crise muito, muito feia, e basicamente me dopando com 2 rivotris por dia. Agora já faz uns dois dias que eu não tomava nenhum. Mas acabei tomando hoje porque fui sair pelo bairro com minha irmã mais velha (coisa que nunca mais faço), e fiquei muito nervosa e irritada. Só na ida já quase chorei e voltei, mas consegui ir até o mercado e voltar.
Não quero falar muito disso aqui, mas minha irmã mais velha tem me irritado muito, pelo egoísmo dela, pela grosseria desnecessária que ela dirige a mim muitas vezes. Não posso confiar nela agora, e isso é muito triste pra mim porque minhas irmãs sempre foram as melhores pessoas do mundo pra mim, as mais próximas que tenho. Agora sinto que é perigoso dar confiança a ela, e não vou mais dar. Fiz isso com minha mãe por um longo tempo, e sinto que foi melhor.
Mas isso me preocupa muito porque tenho a sensação de que eu só perco e perco pessoas na minha vida. Nos últimos anos, já me sentia triste por não fazer amigos, e ultimamente tenho perdido eles. Neste momento tenho uma amiga no mundo. Uma. E minhas irmãs, que cada vez mais têm seguido seu caminho, um caminho que muitas vezes não posso acompanhar. Estou ansiosa para voltar à psicóloga e discutir isso com ela, porque eu não sei mais lidar com a solidão em que vivo. É sufocante, e me faz querer morrer.
Apesar desses problemas difíceis, tenho me esforçado muito muito pra recuperar o equilíbrio e traçar planos pra continuar. Continuo com a dúvida se posso sonhar com uma vida normal, e ainda não sei a resposta. Eu sou eu, com tudo o que tenho e todos os enormes vazios que eu vejo. Sinto que isso é mais um problema de olhar do que de condições, pois meu olhar sempre deprecia tudo, e se isso for o problema, eu preciso aprender a tratar a mim. Criar alguma autoestima, algum amor em algum lugar de mim. Tirar esse medo que me afoga em tudo.
Hoje andando na rua, nervosa, lembrei de como eu sou a maior parte do tempo na outra cidade, aonde estou sempre sozinha. E lembrei que vou voltar pra lá muito em breve. Pra esse rotina anônima, vazia, preocupada.
Tenho que falar com a psicóloga também sobre esse medo de abandono terrível que me banha, e me afoga em qualquer mínima insegurança que surge. Principalmente a insegurança com o meu corpo e a finitude dele.
Bom, assim tenho passado os dias, e espero manter e aumentar minhas forças.
Vou ser feliz o tempo todo, custe o que custar.
Dill, xx.
Os últimos dias têm sido bons, comigo em casa, escolhendo fazer bem pouco. Mas quando consigo, leio meu livro que chegou, o primeiro livro que comprei para a faculdade (e estou no 8o período). Fico assistindo muita tv, basicamente programas de investigação e os Simpsons.
Há uma semana, eu estava em uma crise muito, muito feia, e basicamente me dopando com 2 rivotris por dia. Agora já faz uns dois dias que eu não tomava nenhum. Mas acabei tomando hoje porque fui sair pelo bairro com minha irmã mais velha (coisa que nunca mais faço), e fiquei muito nervosa e irritada. Só na ida já quase chorei e voltei, mas consegui ir até o mercado e voltar.
Não quero falar muito disso aqui, mas minha irmã mais velha tem me irritado muito, pelo egoísmo dela, pela grosseria desnecessária que ela dirige a mim muitas vezes. Não posso confiar nela agora, e isso é muito triste pra mim porque minhas irmãs sempre foram as melhores pessoas do mundo pra mim, as mais próximas que tenho. Agora sinto que é perigoso dar confiança a ela, e não vou mais dar. Fiz isso com minha mãe por um longo tempo, e sinto que foi melhor.
Mas isso me preocupa muito porque tenho a sensação de que eu só perco e perco pessoas na minha vida. Nos últimos anos, já me sentia triste por não fazer amigos, e ultimamente tenho perdido eles. Neste momento tenho uma amiga no mundo. Uma. E minhas irmãs, que cada vez mais têm seguido seu caminho, um caminho que muitas vezes não posso acompanhar. Estou ansiosa para voltar à psicóloga e discutir isso com ela, porque eu não sei mais lidar com a solidão em que vivo. É sufocante, e me faz querer morrer.
Apesar desses problemas difíceis, tenho me esforçado muito muito pra recuperar o equilíbrio e traçar planos pra continuar. Continuo com a dúvida se posso sonhar com uma vida normal, e ainda não sei a resposta. Eu sou eu, com tudo o que tenho e todos os enormes vazios que eu vejo. Sinto que isso é mais um problema de olhar do que de condições, pois meu olhar sempre deprecia tudo, e se isso for o problema, eu preciso aprender a tratar a mim. Criar alguma autoestima, algum amor em algum lugar de mim. Tirar esse medo que me afoga em tudo.
Hoje andando na rua, nervosa, lembrei de como eu sou a maior parte do tempo na outra cidade, aonde estou sempre sozinha. E lembrei que vou voltar pra lá muito em breve. Pra esse rotina anônima, vazia, preocupada.
Tenho que falar com a psicóloga também sobre esse medo de abandono terrível que me banha, e me afoga em qualquer mínima insegurança que surge. Principalmente a insegurança com o meu corpo e a finitude dele.
Bom, assim tenho passado os dias, e espero manter e aumentar minhas forças.
Vou ser feliz o tempo todo, custe o que custar.
Dill, xx.
quinta-feira, 5 de março de 2020
The crash
Em uma fase de grande perda material, estou tentando digerir tudo isso e ao mesmo tempo valorizar as coisas que eu tenho. Sou apaixonada pelas coisas que tenho, uma materialista mesmo. Tal qual pequena sereia, me vejo possuidora de tesouros que só valem o que valem pra mim e mais ninguém. Escolho e adquiro cada coisa com muita racionalidade e paixão, e me lembro da história de cada coisa. Onde comprei, quanto custou, a embalagem original. Minha relação com tudo o que tenho é de cuidado e sentimento.
Agora, depois de uma fase de readaptação que já exigiu de mim grande mudança, me vejo em uma fase de perda, que atingiu minha família de surpresa, e ainda estamos pensando em como resolver totalmente. Vejam, o problema não é tão grande. Acredito que as coisas serão pagas e vão seguir. O que está muito ameaçado aqui é a minha independência e liberdade, e o que me preocupa é que eu não acho que isso tem a mesma importância para o resto da família que tem pra mim.
Estou profundamente acostumada a fazer minhas escolhas sem aprovação próxima de outras pessoas. Eu recebo o que recebo, escolho o que quero e como pagar, e pago. Ultimamente, tenho escolhido mais o que não comprar, e quanto guardar e como guardar. E outra parte amarga desse último golpe de surpresa é que ele vem logo depois de eu me equilibrar consideravelmente nas minhas contas, como não fazia há anos e anos. Minha previsão era de ótimos meses à frente, e agora a incerteza total me desespera.
Pra mim, perder esta liberdade de escolha conquistada há tanto tempo, essa liberdade e certo anonimato em que eu poderia viver da maneira que achasse melhor dentro da minha realidade, me parece sufocante ao máximo, insuportável pro meu coração e orgulho materialistas. Não me orgulho disso, só escolho ver as coisas como são. Procuro diminuir esses sentimentos em mim ao máximo, olhar as realidades à volta que lutam com tão menos que eu. Mas no fim eu tenho uma vida pra viver, e sobre ela eu gosto e gostaria de manter o máximo, máximo de liberdade.
Enquanto escrevo aqui, minha dor fica menor, e quem sabe em dois ou três dias eu veja a solução e o futuro de um jeito mais calmo.
A preocupação de ser um peso ainda me persegue bem de perto, mas a proximidade da minha realização profissional diminui um pouco isso, e eu procuro simplesmente acreditar.
Nesse momento tenho dois rivotris agindo em mim e a trilha sonora de Noviça rebelde nos meus ouvidos e coração. Acho que por hoje estou salva.
O amanhã eu enfrento amanhã.
Still trying,
Dill, xx.
Agora, depois de uma fase de readaptação que já exigiu de mim grande mudança, me vejo em uma fase de perda, que atingiu minha família de surpresa, e ainda estamos pensando em como resolver totalmente. Vejam, o problema não é tão grande. Acredito que as coisas serão pagas e vão seguir. O que está muito ameaçado aqui é a minha independência e liberdade, e o que me preocupa é que eu não acho que isso tem a mesma importância para o resto da família que tem pra mim.
Estou profundamente acostumada a fazer minhas escolhas sem aprovação próxima de outras pessoas. Eu recebo o que recebo, escolho o que quero e como pagar, e pago. Ultimamente, tenho escolhido mais o que não comprar, e quanto guardar e como guardar. E outra parte amarga desse último golpe de surpresa é que ele vem logo depois de eu me equilibrar consideravelmente nas minhas contas, como não fazia há anos e anos. Minha previsão era de ótimos meses à frente, e agora a incerteza total me desespera.
Pra mim, perder esta liberdade de escolha conquistada há tanto tempo, essa liberdade e certo anonimato em que eu poderia viver da maneira que achasse melhor dentro da minha realidade, me parece sufocante ao máximo, insuportável pro meu coração e orgulho materialistas. Não me orgulho disso, só escolho ver as coisas como são. Procuro diminuir esses sentimentos em mim ao máximo, olhar as realidades à volta que lutam com tão menos que eu. Mas no fim eu tenho uma vida pra viver, e sobre ela eu gosto e gostaria de manter o máximo, máximo de liberdade.
Enquanto escrevo aqui, minha dor fica menor, e quem sabe em dois ou três dias eu veja a solução e o futuro de um jeito mais calmo.
A preocupação de ser um peso ainda me persegue bem de perto, mas a proximidade da minha realização profissional diminui um pouco isso, e eu procuro simplesmente acreditar.
Nesse momento tenho dois rivotris agindo em mim e a trilha sonora de Noviça rebelde nos meus ouvidos e coração. Acho que por hoje estou salva.
O amanhã eu enfrento amanhã.
Still trying,
Dill, xx.
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