Em uma fase de grande perda material, estou tentando digerir tudo isso e ao mesmo tempo valorizar as coisas que eu tenho. Sou apaixonada pelas coisas que tenho, uma materialista mesmo. Tal qual pequena sereia, me vejo possuidora de tesouros que só valem o que valem pra mim e mais ninguém. Escolho e adquiro cada coisa com muita racionalidade e paixão, e me lembro da história de cada coisa. Onde comprei, quanto custou, a embalagem original. Minha relação com tudo o que tenho é de cuidado e sentimento.
Agora, depois de uma fase de readaptação que já exigiu de mim grande mudança, me vejo em uma fase de perda, que atingiu minha família de surpresa, e ainda estamos pensando em como resolver totalmente. Vejam, o problema não é tão grande. Acredito que as coisas serão pagas e vão seguir. O que está muito ameaçado aqui é a minha independência e liberdade, e o que me preocupa é que eu não acho que isso tem a mesma importância para o resto da família que tem pra mim.
Estou profundamente acostumada a fazer minhas escolhas sem aprovação próxima de outras pessoas. Eu recebo o que recebo, escolho o que quero e como pagar, e pago. Ultimamente, tenho escolhido mais o que não comprar, e quanto guardar e como guardar. E outra parte amarga desse último golpe de surpresa é que ele vem logo depois de eu me equilibrar consideravelmente nas minhas contas, como não fazia há anos e anos. Minha previsão era de ótimos meses à frente, e agora a incerteza total me desespera.
Pra mim, perder esta liberdade de escolha conquistada há tanto tempo, essa liberdade e certo anonimato em que eu poderia viver da maneira que achasse melhor dentro da minha realidade, me parece sufocante ao máximo, insuportável pro meu coração e orgulho materialistas. Não me orgulho disso, só escolho ver as coisas como são. Procuro diminuir esses sentimentos em mim ao máximo, olhar as realidades à volta que lutam com tão menos que eu. Mas no fim eu tenho uma vida pra viver, e sobre ela eu gosto e gostaria de manter o máximo, máximo de liberdade.
Enquanto escrevo aqui, minha dor fica menor, e quem sabe em dois ou três dias eu veja a solução e o futuro de um jeito mais calmo.
A preocupação de ser um peso ainda me persegue bem de perto, mas a proximidade da minha realização profissional diminui um pouco isso, e eu procuro simplesmente acreditar.
Nesse momento tenho dois rivotris agindo em mim e a trilha sonora de Noviça rebelde nos meus ouvidos e coração. Acho que por hoje estou salva.
O amanhã eu enfrento amanhã.
Still trying,
Dill, xx.
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