sábado, 1 de abril de 2017

Remember who you are.


O bom-senso, o relógio e minha consciência dizem que eu já deveria estar dormindo, mas prometi pra mim mesma que ia escrever esse post hoje.

O nervosismo do semestre já tinha começado a bater hoje de manhã. Acordei às 6:40 no sábado, sendo que, como eu disse, estava extremamente cansada. Quando tenho muita coisa pra resolver não adianta, sempre acordo super cedo, como se meu corpo me arrastasse pra resolver logo as coisas.

Bom, acho que tenho que encontrar o verdadeiro assunto desse post. Por causa dos remédios tenho me sentido muito mais aberta às pessoas do que em qualquer época da minha vida. Estou sorrindo mais, sendo simpática, olhando as pessoas nos olhos, etc. Com isso tudo, por alguns dias pensei que eu tinha me tornado essa pessoa. Uma pessoa mais leve, mais agradável. Mas ontem, tentei me aproximar mais de uma pessoa nova, ou seja, ir além dos sorrisos, seguradas de porta, e bom-dias, e a coisa não demorou a ficar ruim. Quero dizer, não demorou pra que eu tocasse em assuntos desagradáveis, os mesmos assuntos de sempre. Não vou citar exatamente o que eu disse, mas fiquei pensando por que diabos eu penso que contar a minha história, me apresentar, é contar minhas tragédias? Sempre caio na mesma coisa. Se estou tentando conhecer alguém, em pouco tempo estou contando como a escola foi difícil pra mim, como sempre fui triste, se duvidar dou até um jeito de insinuar que tomo remédios.
Talvez eu esteja preparando meu colchão pra uma queda que eu sempre prevejo. Porque com certeza eu tenho mais medo de incluir uma pessoa no meu círculo social que tenha sido atraída por coisas que eu não sou mas dei a impressão de ser e depois, fatalmente, perder essa pessoa. Eu me sentiria muito envergonhada por esse tipo de rejeição. Acho que me derramo, escancaro na frente das pessoas porque penso algo como "se ela não se assustar e fugir com isso, provavelmente podemos ficar juntas". Quando se trata de pessoas, não sei lidar com relações nubladas, onde eu não entendo com quem estou lidando e nem a pessoa sabe realmente quem eu sou. Eu não finjo. No máximo tento aliviar esteticamente a minha vida, mas em todo o resto sou o mias sincera possível. E é nisso que eu estava pensando: quem eu sou.

Nunca penso em mim como uma pessoa agradável ou leve. Definitivamente não sou o tipo de pessoa que você tem orgulho de apresentar pra todo mundo. Sou estranha, pra caramba, e sei disso. Já descrevi vários problemas meus aqui várias vezes, porque pra mim é muito, muito importante que eu saiba quem eu sou. E essa semana, com os remédios, experiências sociais bem-sucedidas, eu estava esquecendo disso. Sei lá, estava me sentindo super bem, mas às vezes, meio estranha. Quando me percebi falando das minhas partes ruins pra um estranho de novo, lembrei de quem eu sou. E não gostei disso.

Sou rancorosa da minha história, e sei disso. Sempre me pego voltando, reclamando das mesmas coisas e esperando alguma coisa nova sair delas. Um pedido de desculpas, um cuidado que não tive, uma salvação antecipada que evitasse problemas mais sérios. Mas é claro que nada acontece, mas mesmo assim continuo parada na frente do mesmo lugar esperando ver coisas novas. Acho que preciso dar fim à essa parte, acabar com esse luto do colégio ruim, da infância triste. Mas nisso existem dois problemas: 1- eu não sei como fazer isso, e 2- eu nem sei se isso é possível. Quero dizer, dar fim ao nosso passado de bosta é desejo de uns 70% da população, né?
Bom, é a primeira vez que enxergo esse luto, essa remoagem de sentimentos como algo ruim e que eu preciso tirar de mim. E acho que isso já é alguma coisa. Desconectar a tristeza da minha personalidade é um projeto antigo em mim. Mas também acho que muita coisa precisa acontecer pra sobrepor tudo isso. Bem ou mal, minha vida até agora foi mais da metade ruim, e não dá pra enganar a balança. Ela obviamente está pendendo pro lado ruim.

Mas preciso me lembrar de quem eu sou. Que eu sou desagradável à maioria, que eu sou violenta, irônica, má muitas vezes. Não sou fácil, e nem gostaria de ser. Acho que eu precisava disso hoje: respirar e lembrar que a vida é divertida porque eu sei rir da desgraça.


Dill, xx.

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