quinta-feira, 26 de julho de 2018

How I feel, exactly.

What is it giving up?
What is is letting go?

Desistir não é algo que se faz. É um não movimento. Deixar morrer, deixar ir. Não dá pra registrar a desistência. É simplesmente não tentar mais.

Estou em casa agoniada mais uma vez. Tudo que não seja ficar no meu quarto está sendo sofrido pra mim. Tudo me ofende, tudo me machuca. Estou muito cansada, muito cansada, muito cansada, muito cansada. E faz tanto tempo que estou cansada de dizer isso.
Acho que estou procurando a negação das coisas, o não fazer, o não ser, o não estar. É o que eu quero agora, e por bastante tempo. Não estar, não ser nada.

Só andar nesse mundo já me cansa.

Eu só queria passar as últimas semanas de férias em casa. Sem fazer nada, nada, nada, nada.
Quero ser nada, sentir nada, fazer nada. Eu quero sumir completamente.
Mas isso me deixa triste e é impossível.
Porque todo dia eu penso que seria melhor não acordar pro dia seguinte, mas sempre acordo. E dois minutos depois, a mesma angústia, o mesmo incômodo. Não é vontade de morrer, é que uma bola enorme na minha boca me faz querer sumir o tempo todo.

Ainda assim, todo dia, por alguns minutos aleatórios, eu acredito em algumas coisas. Eu faço um ou dois planos, acho que isso ou aquilo pode funcionar. Dois minutos depois estou com raiva de novo, e nada existe de novo. Nada funciona, nada vai funcionar.
Estou tentando espremer meu pessimismo aqui, meu estado de ser há meses, meses. Ainda assim, minha força nisso tudo me impressiona. Choro pouco, me desespero pouco. Mas parece que tenho sempre um monstro atrás de mim, que eu sinto todo o tempo, todo o tempo. E às vezes lembro dele quando sorrio, quando faço alguma coisa. No meio de um sorriso, sinto dor e lembro dele. E alguma coisa me diz que nada mudou.
Eu sinto esse sabor amargo o tempo todo, o tempo todo. Essa mão na garganta. Esqueço essas coisas às vezes, mas lembro delas cada vez que faço algo que devia me alegrar e a alegria não chega. Eu fico esperando e nada vem.
Não sinto mais tristeza exatamente. Só dor. Tudo dói, qualquer coisa. Mas eu não choro mais como antes. Olho a dor, sinto ela, mastigo ela, tentando sentir alguma coisa nova, mas nada vem, Sempre a mesma coisa. Uma dor sem significado, sozinha. Dor pura, dor sem sabor, sem consistência.

Isso me lembra de uma coisa que escrevi anos atrás, sobre uma menina pra quem o dia não amanhecia e ela estava vivendo o mesmo dia há mil anos. Talvez eu esteja lá de novo. No não amanhecer.
De novo a negação. Estou sempre no não, não, não. Negativas, negações, recusas, recusas mil vezes. Nada passa.
Muitas vezes sinto que sou um corpo vedado nesse mundo. Estou aqui há muito tempo, mas nunca participei. Estive vedada todo o tempo. Nada que eu fiz ou ouvi me atingiu. É como se eu fosse uma ilustração, um desenho, um  projeto. Nunca vou ganhar vida de verdade. Um rascunho eterno.
Meus sentimentos têm estado num estado de "quase" o tempo todo. Eu quase fico triste, quase choro, quase me bato, quase pego uma faca, quase quebro as coisas, quase rasgo as folhas, quase quebro algo na cabeça. Mas não. O não vem de novo, e me para. E eu continuo não sendo.

Falar das coisas sempre do lado contrário é estranho. Só vejo as coisas pelo avesso, estou sempre no avesso. Atrás da vida, a morte. Estou sempre morrendo, no processo de morrer. Nunca morta, nunca viva, sempre morrendo.
Me sinto de cabeça pra baixo, no mundo invertido. Tudo me dá as costas e eu só vejo as nucas, as costas, os cabelos. Só vejo coisas que se afastam, indo, nunca vindo, sempre se afastando. Tudo vai embora, e eu fico no avesso, sentindo o amargo, o incômodo.

É isso que eu tenho sentido, desde o início do ano. Só sinto isso. Tem como melhorar? Posso morar do outro lado?

Ao contrário, ao contrário, ao contrário.

P.s.: Sinto que minha agressividade é um desespero de dar forma a essas coisas. Porque tudo isso vem pra mim sem forma, sem contorno. Nada começa nem termina. Tudo fica espalhado, constante, em tudo. Não sei onde começa nem termina. De onde veio, com quem veio. Vem sozinho, sem sabor, sem forma, mas angustiante, amargo, dolorido, incômodo. Quebrar algo em mim dá forma a isso por alguns minutos. Está no nada, mas me batendo, está na minha cabeça, na minha perna. Mas do jeito que estou se começar a me bater, não vou parar.

Dill, xx.

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