terça-feira, 8 de novembro de 2016

Tired and cold no sense at all



Oh, oh
here she comes again
the bad thing 
the sweet thing
the cursed thing
the only true thing.

 Nos últimos dias estive pensando muito em potencialidades, no quanto as coisas e as pessoas podem ser e fazer. Às vezes acho que vou conseguir realizar várias coisas no meu dia a dia mas geralmente não passa do planejamento, a não ser que a coisa envolva só a mim. Bom, eu queria escrever sobre isso há uns dias atrás e não escrevi, e agora não posso mais falar disso.

Estou numa semana boa mas meio estranha, em que eu não tenho certeza do que estou fazendo. Estou tentando adiantar uns trabalhos de qualquer jeito, pra evitar a paralisia do pânico que me faz não conseguir fazer trabalhos uma semana antes do prazo.

Estou aprendendo mais coisas, pelo menos, e notando que, ao contrário do que eu pensava até pouco tempo, talvez eu não seja exatamente burra por não estar entendendo a maioria das matérias atuais da faculdade. Eu, além de não ter tido contato antes com a maioria dos autores que estou lendo agora, não sou nada boa com mudanças, e meu período de adaptação deva pelo menos três vezes mais tempo que os outros.

Aliás, hoje estive em um evento na faculdade de discussão sobre identidade de gênero, mas em um certo momento começaram a comentar sobre direito de existência, e eu me identifiquei muito com a forma que falavam da dificuldade de se viver como trans, gay, bi, ou qualquer outra dessas formas de vida. Acho que em algum momento também comentaram sobre a força de ser singular, de ser diferente, e em como as coisas ao redor sempre tentam forçar o diferente pra um dos extremos existentes, pressionar um encaixe. Uma necessidade de encaixar a si mesmo e aos outros em moldes. Me identifiquei demais com essa parte, e pela primeira vez dentro da faculdade pensei que talvez eu possa ser quem eu sou sem me preocupar. Porque 100% do meu dia eu passo tentando mudar, me forçar a fazer coisas diferente, a falar com as pessoas, a não me esconder, a tentar participar, etc. E praticamente nada disso eu faria se estivesse sendo eu mesma.

Pensei também que estou na contra-mão desse mundo de hoje: enquanto tudo quer acelerar ao máximo e oferecer formas cada vez mais extravagantes de prazer, eu gosto do devagar, da quietude, das coisas pequenas. Talvez realmente esse mundo esteja tentando me moldar pra ser mais como ele. Mas pensando bem, o mundo não precisa fazer nada porque eu já internalizei quase que completamente esses julgamentos e cobranças. Minha cabeça tem uma voz que me odeia e me acompanha o dia inteiro apontando todos os meus erros.

Apesar de achar muito bonito e ter ficado feliz com esse apontamento que fizeram no debate, as coisas não mudaram muito: continuo sentindo uma necessidade extrema de tentar ser outras coisas que não são eu. Sinto que incomodo a ordem ao meu redor, como se eu fosse um tumor social. Me sinto uma deficiente quando estou em sociedade, e em qualquer grupo, sempre sinto que qualquer um ali vale mais que eu.
E sinceramente, não sei o quanto devo ouvir a esses discursos de "seja você mesmo", "procure autenticidade" porque na verdade essas práticas são muito, muito mal vistas e condenadas.
Talvez seja então uma questão de não esperar aceitação; nenhuma aceitação além da sua própria. É, acho que o erro não está na coisa de ser autêntico, mas em esperar que fazendo isso, vamos receber parabenizações pela nossa coragem e elogios pelo nosso eu.

Talvez seja uma questão de se apaixonar por você mesmo e não precisar do amor de mais ninguém. Isso me parece bastante coerente.

Estou com muito, muito sono (como deve dar pra notar pela narrativa).

Adieu,
Dill, xx.


P.s.: Estou ouvindo essa música agora. Algumas vezes meu coração só aceita esse tipo de música. Me parece a aceitação ao mesmo tempo de uma tragédia e da beleza do mundo; algo pesado, mas natural. Cosmos surgindo do Caos, esse tipo de coisa.

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