sábado, 14 de março de 2020

Currently

Nem sei exatamente o que quero falar aqui.
Os últimos dias têm sido bons, comigo em casa, escolhendo fazer bem pouco. Mas quando consigo, leio meu livro que chegou, o primeiro livro que comprei para a faculdade (e estou no 8o período). Fico assistindo muita tv, basicamente programas de investigação e os Simpsons.
Há uma semana, eu estava em uma crise muito, muito feia, e basicamente me dopando com 2 rivotris por dia. Agora já faz uns dois dias que eu não tomava nenhum. Mas acabei tomando hoje porque fui sair pelo bairro com minha irmã mais velha (coisa que nunca mais faço), e fiquei muito nervosa e irritada. Só na ida já quase chorei e voltei, mas consegui ir até o mercado e voltar.
Não quero falar muito disso aqui, mas minha irmã mais velha tem me irritado muito, pelo egoísmo dela, pela grosseria desnecessária que ela dirige a mim muitas vezes. Não posso confiar nela agora, e isso é muito triste pra mim porque minhas irmãs sempre foram as melhores pessoas do mundo pra mim, as mais próximas que tenho. Agora sinto que é perigoso dar confiança a ela, e não vou mais dar. Fiz isso com minha mãe por um longo tempo, e sinto que foi melhor.
Mas isso me preocupa muito porque tenho a sensação de que eu só perco e perco pessoas na minha vida. Nos últimos anos, já me sentia triste por não fazer amigos, e ultimamente tenho perdido eles. Neste momento tenho uma amiga no mundo. Uma. E minhas irmãs, que cada vez mais têm seguido seu caminho, um caminho que muitas vezes não posso acompanhar. Estou ansiosa para voltar à psicóloga e discutir isso com ela, porque eu não sei mais lidar com a solidão em que vivo. É sufocante, e me faz querer morrer.
Apesar desses problemas difíceis, tenho me esforçado muito muito pra recuperar o equilíbrio e traçar planos pra continuar. Continuo com a dúvida se posso sonhar com uma vida normal, e ainda não sei a resposta. Eu sou eu, com tudo o que tenho e todos os enormes vazios que eu vejo. Sinto que isso é mais um problema de olhar do que de condições, pois meu olhar sempre deprecia tudo, e se isso for o problema, eu preciso aprender a tratar a mim. Criar alguma autoestima, algum amor em algum lugar de mim. Tirar esse medo que me afoga em tudo.
Hoje andando na rua, nervosa, lembrei de como eu sou a maior parte do tempo na outra cidade, aonde estou sempre sozinha. E lembrei que vou voltar pra lá muito em breve. Pra esse rotina anônima, vazia, preocupada.
Tenho que falar com a psicóloga também sobre esse medo de abandono terrível que me banha, e me afoga em qualquer mínima insegurança que surge. Principalmente a insegurança com o meu corpo e a finitude dele.

Bom, assim tenho passado os dias, e espero manter e aumentar minhas forças.
Vou ser feliz o tempo todo, custe o que custar.

Dill, xx.

quinta-feira, 5 de março de 2020

The crash

Em uma fase de grande perda material, estou tentando digerir tudo isso e ao mesmo tempo valorizar as coisas que eu tenho. Sou apaixonada pelas coisas que tenho, uma materialista mesmo. Tal qual pequena sereia, me vejo possuidora de tesouros que só valem o que valem pra mim e mais ninguém. Escolho e adquiro cada coisa com muita racionalidade e paixão, e me lembro da história de cada coisa. Onde comprei, quanto custou, a embalagem original. Minha relação com tudo o que tenho é de cuidado e sentimento.
Agora, depois de uma fase de readaptação que já exigiu de mim grande mudança, me vejo em uma fase de perda, que atingiu minha família de surpresa, e ainda estamos pensando em como resolver totalmente. Vejam, o problema não é tão grande. Acredito que as coisas serão pagas e vão seguir. O que está muito ameaçado aqui é a minha independência e liberdade, e o que me preocupa é que eu não acho que isso tem a mesma importância para o resto da família que tem pra mim.
Estou profundamente acostumada a fazer minhas escolhas sem aprovação próxima de outras pessoas. Eu recebo o que recebo, escolho o que quero e como pagar, e pago. Ultimamente, tenho escolhido mais o que não comprar, e quanto guardar e como guardar. E outra parte amarga desse último golpe de surpresa é que ele vem logo depois de eu me equilibrar consideravelmente nas minhas contas, como não fazia há anos e anos. Minha previsão era de ótimos meses à frente, e agora a incerteza total me desespera.
Pra mim, perder esta liberdade de escolha conquistada há tanto tempo, essa liberdade e certo anonimato em que eu poderia viver da maneira que achasse melhor dentro da minha realidade, me parece sufocante ao máximo, insuportável pro meu coração e orgulho materialistas. Não me orgulho disso, só escolho ver as coisas como são. Procuro diminuir esses sentimentos em mim ao máximo, olhar as realidades à volta que lutam com tão menos que eu. Mas no fim eu tenho uma vida pra viver, e sobre ela eu gosto e gostaria de manter o máximo, máximo de liberdade.
Enquanto escrevo aqui, minha dor fica menor, e quem sabe em dois ou três dias eu veja a solução e o futuro de um jeito mais calmo.
A preocupação de ser um peso ainda me persegue bem de perto, mas a proximidade da minha realização profissional diminui um pouco isso, e eu procuro simplesmente acreditar.

Nesse momento tenho dois rivotris agindo em mim e a trilha sonora de Noviça rebelde nos meus ouvidos e coração. Acho que por hoje estou salva.
O amanhã eu enfrento amanhã.

Still trying,
Dill, xx.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Meus últimos pensamentos aqui:

Hoje voltando pra casa sozinha depois de uma tentativa ruim de sair mais, percebi que estou muito cansada de sofrer, e que acho que já sofri o suficiente. Apesar disso, sei que isso não vai parar porque não tenho controle sobre a vida ou sobre mim mesma, considerando que tenho coisas físicas que me fazem quem sou.
Fico pensando agora no quanto estou tentando, e apesar de ficar feliz em perceber que minha promessa de nunca me matar seguir firme, fico presa nesse presente ruim em que não faço mais ideia do que fazer, do que tentar, por onde ir.
Desistir agora me machucaria muito, e o preço de continuar (financeira e emocionalmente) está se tornando gigante, surreal, e não sei mais qual seria o limite do aceitável aqui.
Estou tentando ser mais sincera também, e demonstrar mais meu descontentamento pra mim mesma e para os outros, pois tenho direito a algum espaço nesse mundo, por menor que seja.

Acho que não quero falar mais nada.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Writing is

Estou tentando seguir depois de uma queda profunda. Acho que a proximidade com meu aniversário me deixou bem mal.
Mas minha família me levou pra comemorar, e fiquei muito feliz. Assisti Aves de Rapina e no dia seguinte saímos pra comer. Minha irmã comprou uma camisa preta pra mim de um modelo que eu estava querendo há muito tempo.
Estou feliz no momento por isso. E estou focando em não perder o controle de novo. Sei que vou precisar muito em breve.
O dia inteiro fico inquieta em casa, tentando ter ideias e desistindo de me concentrar em qualquer coisa academicamente produtiva.
Quero que as coisas deem certo mas ao mesmo tempo acho que já esperei demais.

Estou feliz com as mudanças estéticas que tenho feito. Estou passando para uma fase mais "gótica" e mudado um pouco minhas roupas. Sigo com o sonho do cabelo longuíssimo, que está cada vez mais difícil de controlar, e basicamente deixando tudo preto.

Mais uma vez quero acreditar que esse ano vai ser diferente e vou fazer progressos de verdade. Mas pensando esses dias, acho que eu preciso também tomar mais consciência dos progressos que eu já fiz na vida e faço todo dia. Porque às vezes me lembro de um acontecimento bom e nem consigo entender aonde ele se encaixa na minha vida. Parece que não pertence a mim.

Sinto que tenho tido muito medo de escrever ultimamente. Essa atividade de introspecção e consciência que é escrever tem me assustado bastante. Apesar de eu saber que quando escrevo sobre as coisas, elas se tornam mais reais e menos monstruosas.

Enfim, estou me sentindo em uma grande fila de espera. Como se não acontecesse nada, mas sei que vou sentir muita falta desses dias daqui a uns meses. Isso também me assusta e entristece. Sei pra onde vou voltar e tenho que ser forte de novo.

Espero voltar em menos tempo.

Dill, xx.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Depois de muito tempo, volto aqui. Não gosto mais de escrever sobre o que acontece de diferente comigo... tenho tentado na verdade perceber as semelhanças e as constantes nos problemas que passo.
Com isso, percebi muita coisa nessas férias, que têm sido um pouco inconstantes (como eu).
Meu humor tem mudado muito com os dias, e principalmente, tudo tem me machucado. Tudo me ofende e me machuca demais, por menor que seja a ofensa. E isso me faz me perguntar por quê.
Pensando melhor nos sentimentos que me atingem, percebi que acima de tudo, talvez na raiz da maioria dos meus problemas, está uma certeza forte de que não sou amada, e que cedo ou tarde algo que eu fizer vai ser insuportável para as pessoas à minha volta e elas vão me abandonar. Por isso, em cada ofensa eu vejo na verdade uma ameaça de abandono, e o desespero da solidão e da morte que ela ameaça trazer me atingem com tudo.
É difícil explicar isso, e tenho certeza que é muito complicado pra minha família. Mas mesmo assim, tento me proteger e tomar algumas atitudes melhores.
Tento me afastar quando necessário, e tento refletir bastante sobre as coisas, digerir mesmo.
Agora mesmo, ouvi coisas que acho desnecessárias, e vim pro meu quarto. Acho que é o melhor.

Apesar dessas coisas, estou tentando fazer progressos. Esse ano comecei a me organizar financeiramente, e apesar do pouco tempo já vejo resultados. Esse mês foi excelente, nem acredito que paguei todas as contas, fiz compra no DÉBITO e ainda sobrou um pouquinho.
Comprei hoje a única roupa desse mês, uma camisa preta de viscose com um caimento per fei to. Preta, muito preta. Pra eu vestir com o resto das minhas roupas pretas. Estou mergulhando no mono-cromatismo com força.
Fora isso, comprei uma choker, e espero que chegue. Inclusive estou apaixonada por chokers, e vou me planejar pra ir comprando umas diferentes, aos poucos. A minha desse mês junto com a camisa preta foram meus presentes de aniversário.

Eu só quero perdoar e aprender com os meus erros. Às vezes esqueço do meu compromisso com a vida e vacilo, me ataco e machuco. Mas sei que sempre poso voltar e fazer a escolha de novo. Não sei se liberdade é realmente uma escolha, até onde ela pode ser feita, mas tentar fazer isso é sempre importante.

Tento manter esse compromisso comigo, com meus pés e minhas mãos,meus olhos e minha garganta. Que deles nada de ruim venha e que eu saiba lidar com o que possa acontecer a eles.

Dill, xx

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

pas du noel

Depois de passar outubro e novembro animadíssima para o natal, agora estou pensando em cancelar tudo e dar os presentes antes da hora. Deixar o dia mais pra comida mesmo. As coisas têm estado bem chatas aqui nos últimos dias. Desde que eu resolvi fazer minhas últimas tatuagens. Minha mãe ficou chateada e brigou comigo, e eu fiquei chateada pela falta de respeito dela. Desde lá, as coisas estão diferentes e ninguém está muito ok, além da minha irmã mais nova.
Eu fiquei tentando me redimir, e ainda sigo tentando ser gentil e não errar muito. Mas fico ressentida com o barulho todo. E com minha irmã mais velha sempre piorando as coisas pra todo mundo, mas principalmente pra ela.
Essas dinâmicas de família acredito que sejam assim, incontroláveis mesmo. Estou encarando tudo muito melhor com meu antidepressivo mais forte.

Estou conflitante com as minhas coisas e no momento achando tudo muito chato. Sem dinheiro, não tem me dado vontade de ir ao shopping que era basicamente meu único programa aqui. O cansaço, o medo e as dificuldades financeiras têm me tirado dos programas interessantes que eu fazia há dois anos atrás. Aonde eu fotografava e via o mundo com interesse.
Agora, estou cansada. Muito cansada. Meus olhos não querem mais ver muita coisa e eu guardo o sentimento de exploração pra atividades mais introspectivas.
Acho que ainda vai demorar, se um dia acontecer, pra eu voltar a ter aquele sentimento pelo mundo e pelas coisas. Meu sentimento principal no momento é de que as coisas não valem a pena.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

2am

Sigo perdendo coisas que nunca foram minhas.
Não consigo mais escrever nesse blog como antes, explicando as coisas. Normalmente venho aqui justamente pra não falar sobre as coisas que acontecem. Pra falar do meu medo delas.
Ontem experimentei a solidão mais dura, depois de algum tempo tendo esquecido de como é. Aquela absoluta falta de conexão com as pessoas que me deixa num vazio cheio.
Queria ir pra casa, mas o tempo tem sido traiçoeiro. Tudo passa rápido demais e acaba não valendo a pena.
Amanhã tenho que sair, me mover no mundo e agir coisas para mim. Não é tão óbvio nem fácil pro ser humano defender a si mesmo às vezes. Particularmente, acho que falho muito em me ajudar e realmente defender do mundo.
Queria dizer mais e fechar o texto com algo positivo, mas tudo bem.
Só preciso ter em mim tudo o que preciso.

Dill, xx.