segunda-feira, 25 de julho de 2016

all the silent things

I like everything that is quiet
like me
everything that just listens
watches
I like anything that respects
and let others be

I live for the silent things
for the comfy corners
and though my heart is heavy
I love it all that is just light

I have an urge to protect anything that is lonely
cause what is lonely should stay lonely
if there ain't no urge to change it
and there is no urge to change it

In this world so violent
I look up for the things that make peace
cause though my heart is violent
and my soul is dark
I'm always waiting for my dawn
my calm dawn
that will wake up all the good things
all the silent things
and will let them be.

This is not the end this is not the beginning

Just a voice like a riot rocking every revision.

Estou escrevendo em um horário não tão tarde, sem muito sono e não tão ocupada. Essas três condições juntas fazem desse momento bem raro pra mim haha. Estou sempre correndo agora, mas não odeio isso o tempo todo. Na maior parte do tempo, estou aguentando bem o dia-a-dia, mas às vezes preciso ficar sozinha. Preciso desse tempo sozinha de verdade, se não começo a confundir as coisas e a me sentir estranha e mal. Graças a deus sempre tem um banheiro pra gente se esconder né. A relação entre introvertidos e banheiros é a mais antiga da humanidade ahah. 
Estou na última semana do semestre e hoje fiz minha última prova escrita. De novo, demorei muito pra responder as questões (discursivas, em sua maioria pedindo uma dissertação) e me atrasei, o que me fez perder o ônibus pra ir almoçar. Fiquei sem almoço e tinha tomado café às 5:00 da manhã. Andei até o mercado (15 minutos) pra procurar pão de queijo porque estava com fome mesmo, e quando cheguei lá, não tinha. Comprei sucrilhos e M&M's e esse foi meu almoço. Voltei pra casa tremendo um pouco, não sei se de fome ou dos dois cafés que eu tinha tomado (antes de 12:00). Pelo menos a menina que divide o quarto comigo não está aqui hoje, o que me deixou dormir um pouco de tarde. Acordei agora há pouco com o propósito de fazer um trabalho pra essa semana, mas até agora comi uma tapioca com polenguinho, fiz capuccino (descafeinado! comprei pra tomar de noite) e agora estou escrevendo no blog. Tudo bem, vou funcionar daqui a pouco.

Estou louca pra entrar de férias e ficar com minhas irmãs em casa, sair com elas, ler meus livros, ver filmes e fazer receitas. Não sei direito por quê, mas agora que fico menos em casa toda vez que eu volto e vou sair me visto super montada; tenho ficado cada vez mais gótica haha. 
Estou tão, tão, tão, tão louca e feliz e ansiosa pra ver Esquadrão Suicida! Sério, eu nem lembro quando ouvi falar desse filme pela primeira vez, mas tenho altas expectativas. Meu coração violento precisa que esse filme dê certo.

 Ultimamente não estou conseguindo me aprofundar muito nos posts aqui, acho que estou perdendo o costume. Como sempre substituo profundidade emocional por coisas supérfluas, aí vai umas fotinhas de moda pra vida ficar lindamente rasa:


















Esta última foto é de uma jaqueta da cea que eu comprei no início de julho. Nessa foto ela é perfeita e eu achei que FINALMENTE tinha achado uma jaqueta pra mim, mas quando chegou ela era gigante, ficou muito larga em mim. E olha que era 36 mesmo. Tive que devolver, mas pelo menos foi bem tranquilo, já até devolveram o dinheiro. 
Como eu sou maluca (sou maluca mesmo) já comprei outra, haha. Pela metade do preço dessa da cea, no enjoei. Parece perfeita, e, melhor ainda, pequena haha. Estou realmente esperançosa de ter encontrado uma jaquetinha motoqueira pra esquentar meu coração. Sarah Manning feelings.

Bom, vou ficando por aqui. Tem muita coisa pra fazer, e estou tentando merecer um pouco as coisas que acontecem comigo.

Merci mon ami,
Working Dill,
xx.
 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Help me

staring at chaos like it's home


[Eu devia ter começado a escrever esse post antes, mas tudo bem. 
Hoje foi um dia difícil, porque mais uma vez me causei um constrangimento público, daqueles que pra metade da população não seria problema algum, mas que pra mim é motivo pra eu me trancar no banheiro por duas horas e ficar me olhando no espelho imaginando mil mortes pra mim mesma.
Assim que aconteceu fiquei paralisada de medo, ataque de pânico mesmo, taquicardia, falta de ar, sensação de morte iminente. Mas estou tentando trabalhar isso melhor (desde tipo, 5 anos de idade), e depois de algumas horas de pânico, dois chás de camomila, um calmante e muita meditação e leitura de frases com as quais eu me identifique, estou menos pior. Claro que não queria ir pra aula amanhã, porque evitar confrontos seria a melhor coisa, mas acho que vou fazer o meu melhor no meu pior e ver como me saio. 
Engraçado é que isso acontece agora, num período em que estou relativamente bem-sucedida no espaço da faculdade. Tenho um grupo bem estável de amigas com as quais ando o tempo todo agora, nunca estou sozinha. Procuro (e estou conseguindo) rir mais das coisas com naturalidade e achar empolgante as formas de interação do dia-a-dia. E então, de repente acontece alguma coisa, como hoje, que deixa bem evidente toda a minha falta de jeito pra vida social, e eu paraliso, entro em pânico, e não posso deixar de ter uma sensação de reconhecimento, no sentido de ver a verdade que sempre esteve ali e eu estava fingindo não ver. É como se a cortina frágil da normalidade que estava cobrindo meus dias de repente caísse, e eu visse a mesma paisagem que eu vi por toda a minha vida. Então eu me sinto mal, mas ao mesmo tempo aliviada, porque posso então parar de sorrir sem vontade, parar de fingir que quero estar perto das pessoas, e outras mil coisas que faço apenas pra sobreviver.
Não posso mesmo deixar de sentir que essa sou eu de verdade: essa coisa frágil, desajustada, de certa forma ruim, inocente, maldosa, rejeitada e violenta. Me sinto muitas vezes destinada a estar sozinha, acho que por isso, por mais que eu me sinta bem em estar ajustada em um certo meio (social geralmente), simplesmente me parece que alguma coisa está errada. Algo não está onde devia estar, e chego mesmo a sentir que algo irá se vingar de mim por estar fugindo ao roteiro. Mas já falei isso aqui antes e tenho que falar de novo que eu tenho que parar de esperar que coisas ruins aconteçam. 

Mas, esperando ou não, elas acontecem, e eu me sinto naturalmente (porque já estou habituada) melancólica e profundamente triste por ver a confirmação da minha deficiência incurável que me destina a viver nesse canto escuro e sujo onde sempre estive. 

Bom, o que mais me enristece no momento é que não importa o quanto eu escreva neste velho blog, amanhã eu ainda vou ter que acordar e me deslocar até um lugar que me faz me sentir a pior coisa do mundo. Porque é o que eu tenho agora.

Não tinha muito objetivo nesse post, talvez amanhã eu escreva mais.]

Toujours Dill,
l'étrange Dill, xx.

 

domingo, 26 de junho de 2016

Keep your hopes up high and your head down low

Dear Derek

São quase 23:00 e amanhã eu vou acordar as 4:30, mas faz um bom tempo que não escrevo e no momento estou me sentindo bem pra escrever aqui. Amanhã bem cedo vou pegar um ônibus pra ir pra cidade onde estou fazendo faculdade, pra depois pegar um ônibus pra república em que estou morando e ir correndo pra faculdade. Entre fracassos e sucessos, esses últimos meses tem sido uma mistura forte de emoções pra mim, e não sei dizer como me sinto sobre isso no geral. Acho que ainda predomina o medo em mim apesar de eu saber o quão incrível é tudo o que estou tendo oportunidade de viver.
Mas por mais que eu veja esses lados bons, ainda me dói bastante voltar todo domingo pra cidade onde às vezes eu acho que não tenho nada, e às vezes acho que poderia viver nela pelo resto da vida. Me dói muito deixar minhas irmãs e esse ambiente onde tenho liberdade pra tantas coisas, mas que ao mesmo tempo, me sufoca (afinal, foi por isso que eu cogitei ir pra longe). Às vezes vou chorando um pouco no ônibus me forçando a ser mais otimista e aberta. Acho que a parte difícil ainda é o medo da reprovação das pessoas. Ainda me privo de mil coisas pra não chamar atenção, passar vergonha ou simplesmente ser vista. Ainda me excluo dos grupos onde eu devia me incluir e perco oportunidades o tempo todo. Essas coisas me cansam e deixam triste no dia-a-dia.
Estive pensando muito sobre a minha doença (ansiedade/fobia social) e achei até uns artigos legais sobre isso. Ler sobre isso quase sempre me faz chorar em algum ponto do texto porque o que mais me dói sobre tudo isso é o quanto uma doença pode mudar uma vida, uma pessoa, uma história de vida. Eu não sei dizer em mim o que é "personalidade" e o que é doença. Quase sempre acho que eu inteira sou uma doença, e essa é uma das piores partes. E o que me dói muito também é que mesmo que um dia eu entenda o que eu sou e os limites da doença em mim, isso nunca vai ficar claro o suficiente pras pessoas. Como sempre, não sei o que fazer ou pensar sobre isso.

Apesar do meu tom, não estou na pior das semanas. Aliás, estou impressionada comigo porque essa semana tenho um trabalho pra fazer e uma prova e não estou ansiosa hoje (talvez fique ao longo da semana, mas geralmente tenho um ataques antes de ir embora). Estou calma, acho que porque estou tentando resolver as coisas e estou tendo algum progresso.
Essa semana passei um tempo a mais que o normal em casa e estou bem feliz com isso. Comi muito, muito mesmo, consegui estudar, baixar filmes e até vi dois episódios de Penny Dreadful. Também finalmente li as duas Hqs de Umbrella Academy, do Gerard Way (vulgo minha vida) e Gabriel Bá. Sim, realizei esse sonho, nem acredito *o*.  Na verdade ainda vou terminar a segunda Hq, mas já estou no final, e cara, amei mesmo. Gostei muito dos personagens e da ambientação da história, assim que der vou reler as duas.
Por falar em ler, estou tentando ler tudo o que posso mas não conseguindo ler tudo o que devo. Enquanto estou atrasada nas leituras da faculdade, fico planejando de comprar livros que eu não sei de onde vou tirar tempo pra ler, ha (estou triste). Mas estou mesmo tentando parar de comprar roupas e comprar mais livros. Acho que vale mais a pena mesmo.
Queria muito escrever mais aqui, mas minha cabeça está confusa pelo sono e eu tenho que ir. Meu coração ultimamente está mais cheio de saudade do que qualquer outra coisa. Sinto falta de tudo, e principalmente de apreciar o que me é familiar. Espero voltar pra casa em breve.

"All I want is a place to call my own
to mend the heart of everyone who feels alone
Keep your hopes up high
And your head down low"

Dill, xx.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Taking a breath

grunge-not-me-girl
 
Finalmente tirei um tempo pra escrever aqui. Ufa. Estou dividindo meu tempo entre fazer as coisas que eu devo fazer e ficar me sentindo culpada pelas coisas que não consigo fazer (que, claro, parecem ser a maioria).
Tive minha primeira prova de verdade da faculdade nessa semana, de Antropologia, e cara, eu me ferrei. Ainda não vi a nota mas tenho certeza que não vai ser mais que 4 (sendo sincera, acho que tirei 2 ou menos). E isso porque eu estudei. Passei dois dias dormindo menos de 6 horas e ainda assim o resultado foi horrível. Isso me faz perceber que eu tenho que mudar o meu jeito de estudar, porque o problema não foi exatamente o tempo que eu dediquei à matéria, e sim que eu não sabia como estudar.  E tenho sentido essa dificuldade com todas as matérias. São matérias de conteúdo extenso, denso e sobre os quais eu não tinha quase nenhum conhecimento prévio. Fiquei tentando (e ainda estou) não me sentir muito mal com isso tudo, já que eu sinto que estou indo mal em todas as matérias e não só nessa.
É verdade que eu deixei tudo isso acumular, porque passei as primeiras semanas meio letárgica, como se no fundo eu não esperasse ficar aqui. Sei lá, tenho dessas coisas. Acho que passei muito tempo passando por lugares por períodos curtos e agora fica difícil pra mim pensar e planejar a longo prazo. Mas estou lutando contra isso todo santo dia, assim como contra várias outras coisas.

Estou tentando ter paciência comigo e com as coisas. Eu tenho dias bons, dias ótimos, dias ruins e dias horríveis, e o pior é que quando fico muito triste aqui, me sinto pior por estar longe da minha família. Agora eu entendo o que significa ser sozinho no mundo, é muito difícil ser você por você mesmo o tempo todo.
Alguns dias eu me sinto ótima, parece que estou conseguindo cumprir as coisas, falo com as pessoas durante o dia, e minha ansiedade parece normal. Outros dias sinto que sou a única burra na sala, que só eu vou reprovar na matéria mais fácil, não consigo falar com ninguém e sinto que todos estão me notando como a estranha da coisa toda.
Inclusive, durante um tempo aqui eu tive uma piora no meu problema de contrações musculares involuntárias. Eu estava ficando muito ruim mesmo, e o pior é que ter as contrações em público me deixam ainda mais nervosa, o que é a causa das contrações, e a coisa toda ia se piorando sozinha. Bom, agora achei um remédio calmante aqui que é melhor do que o que eu tomava antes, e que é indicado na verdade pra transtornos do sono associados à ansiedade, mas funciona muito bem pra mim. Não resolveu o problema, mas agora as contrações estão quase iguais a antes. Ele me ajudou muito no sono também, que aliás, eu nem notava que era afetado pela minha ansiedade. Eu acordava às 6, 6:30 e não conseguia mais dormir, mas eu achava que era costume mesmo. Agora com o remédio, além de dormir um sono mais profundo, estou acordando 7, às vezes 8 horas.

Bom, queria falar mil coisas aqui, mas pra não enrolar, vou fazer uma lista:

- estou ouvindo muito Fidlar, que acho que é minha banda preferida agora, já que Sleigh Bells está ficando cada vez mais pop :'(
- Agora que estou "morando sozinha", estou ficando meio viciada em sucrilhos, haha. Compro quase toda semana, mas tenho que parar por causa do preço :(
- Acho que posso dizer que finalmente fiz amigas na faculdade. Pelo menos duas delas eu tenho certeza que me ajudariam se eu precisasse, hehe.
- Passo a semana toda aqui com uma gula do inferno, querendo comer tudo mesmo. Sempre quero doces, salgados, tudo. Mas como tenho pouca comida aqui, tenho que esperar o fim de semana pra ir pra casa comer
- tenho que estudar, então vou encurtar esse post.

Estou com muita saudades desse blog, da minha família, da minha cidade. Acho que realmente não existe lugar como nosso lar, apesar de tudo.

Adieu,
Dill, xx.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

The broken hearted's struggle

Apenas uma das imagens do tumblr que me definem como pessoa

Continuo passando por nuances entre o desespero, angústia, esperança e nervosismo sem saber muito bem o que significa cada um. Desta vez estou tentando notar os erros, e fico mesmo anotando tudo, checando a cada segundo as coisas que eu faço. Está sendo sufocante e a culpa é minha. Aliás, acho que cheguei um pouco mais perto de entender os últimos acontecimentos e acho que a culpa de tudo é mesmo minha. Tenho repetido muito pra mim: "se você agir como se estivesse sozinha, vai ficar sozinha", e é verdade. Notei que meu isolamento era causado metade pelas pessoas, e metade por mim, porque por mais que sentisse que era rejeitada pelos outros, sempre aceitei essa posição muito bem, e "cumpria o meu papel" nisso. É isso que estou tentando mudar agora. Tento falar com as pessoas mesmo que elas pareçam não gostar de mim ou não estarem interessadas. Penso "se eu falar com ela, ela vai ter que responder, certo? Ninguém é surdo, eles têm que no mínimo responder". Mesmo que de cara amarrada, curtos, grossos, simpáticos, felizes, atenciosos, eles respondem. E isso já é muito pra mim, muito mesmo.
Porque eu notei que eu continuo com dificuldades muito grandes pra aceitar/ entender que eu existo. Sério, eu saio e pra mim é comum não ser vista e eu literalmente me assusto quando noto que alguém está me olhando nos olhos sem que eu tenha que chamar atenção dessa pessoa. Eu me apavoro e não entendo quando alguém lembra de mim em um lugar que eu frequento (por exemplo, nota a minha falta ou me chama pelo nome depois de termos sido apresentados). 

No momento, comecei a faculdade e estou me matando pra entender as coisas. Não só matérias, que são a minha menor preocupação, mas as pessoas. Estou triste em ver que ainda recuo, me assusto, evito, e não procuro ninguém. Uma das coisas que eu mais tenho notado é a minha dificuldade em pedir ajuda. Nas coisas mais básicas, eu simplesmente não consigo contar com as pessoas. Sabe, contar? Saber que você pode recorrer a alguém pra alguma coisa? E não estou falando de confiança, amizade, estou falando das coisas mais básicas tipo perguntar informações, pedir explicações. Por exemplo, na minha primeira semana na república onde estou eu esqueci o sal na minha casa e fiquei sem ele aqui. Eu queria fazer tapioca mas não podia porque não tinha sal, e passei bastante fome porque não queria comprar no mercado. Não me passou pela cabeça, nem por um segundo, pedir às três meninas que moravam comigo um pouco de sal. Porque eu simplesmente não cogito a presença de qualquer outro ser humano além de mim, em qualquer lugar. É como se na minha cabeça eu fosse um esquimó isolado, sem a menor possibilidade de reber ajuda. E isso não é só com pessoas desconhecidas.

Na última semana tive que fcar em casa por motivos de saúde, e não podia me mexer quase nada, nem me esforçar, nem deitar ou levantar da cama sozinha. Quando o médico me deu essas instruções eu achei que tivesse entendido, mas quem explica as coisas pro me cérebro de esquimó? Eu fazia tudo sozinha, e do mesmo jeito que com as meninas, não conseguia sequer pensar em pedir ajuda. Teve um dia em que eu estava numa loja com minha irmã vendo roupas, e eu fiquei um tempo considerável me esforçando pra pegar uma roupa que estava meio alta, e nem me passou pela cabeça pedir isso à minha irmã, que estava a pouco metros de mim.

Com isso tudo, tenho tentado entender porquê fiquei assim. Sou a pessoa mais arredia que eu conheço, pareço um cachorro maltratado, que desconfia de todo mundo. Mas não é muito difícil entender por quê, afinal, na maior parte da minha vida quando eu não estava sendo rejeitada eu estava me isolando pra evitar a rejeição. Principalmente agora que eu passei meus últimos 3 anos em casa, sem frequentar praticamente nada, nem um cursinho sequer, e mesmo os que eu frequentei (por exemplo, o francês, por dois anos), eu consegui ficar durante o curso todo calada e sozinha. 
Eu não sei o que é ser bem-vinda em lugar nenhum. Eu não sei o que é ter pessoas preocupadas comigo. Eu não sei o que é ter pessoas interessadas em mim. Eu só sei ficar quieta e passar pelos lugares sem deixar nada além de um nome numa lista, geralmente.
Mas como eu disse as coisas mudaram, os motivos que faziam as pessoas me rejeitarem e até essas pessoas mudaram. Eu não sou mais a criança feia, gorda do óculos estranho e cabelo ruim de antes, e as pessoas que convivem comigo não são mais crianças cruéis. São pessoas da minha idade que, muito melhor que eu, entendem que cada um tem o seu lugar no mundo.
Mas isso não é fácil de mudar nos nossos insintos. Eu sinto que fui criada na guerra e para a guerra, e por isso não sei agir em momentos de paz. Inclusive, notei com tristeza que me sinto mais confortável quando as coisas estão ruins, quando eu tenho motivos concretos pra chorar, quando me rejeitam e quando me isolam. Porque nessas situações eu tenho um lugar designado, uma cadeira pra eu sentar com meu nome e tudo. Eu sei o que fazer. Em situações que me acolhem eu fico em pé e perdida. Não entendo, não sei o que fazer, e não consigo abaixar a guarda porque nunca fiz isso.

Estou tentando acalmar meu coração, aprender a viver em paz. Porque se tem uma coisa que isso tudo me mostrou é que a paz que eu esperava encontrar ao meu redor já existe há anos, e que a guerra está e sempre esteve dentro de mim. Ela transbordava pelos meu olhos e me fazia ver guerra em tudo. Eu uso essa palavra, guerra, porque acho mesmo que é a mais próxima do que eu tenho vivido. É feio, sujo, cruel e muito doloroso. Agora tenho que me conformar em ter a mim como problema e começar a me reeducar. Isso provavelmente vai levar a minha vida inteira, e devo dizer, não é tão confortante quanto pode parecer. Como eu disse, cheguei em um ponto em que me sinto melhor quando tenho que sofrer. Mas, pro bem ou pro mal, essa é uma fase que já passou, e só cabe a mim me levantar desse teatro vazio em que fiquei sentada sozinha muito tempo depois de todos já terem ido embora.

Muito obrigada, quem quer que você seja.
Still Dill, xx.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Finding peace


"Carrying bags and a navy taxi man said
"Take your time love
'Cause you don't have to rush
'Cause it's your life and it's no one else's, sweetheart
Don't let someone put you in a box."


So I take all that other stuff that I said before
And I'm gonna make it work
'Cause I'm losing my mind and it's driving me up the wall"


Kate nash - Navy Taxi

 Esse blog é para mim a coisa mais próxima de um lar dos sonhos: sempre disponível e que de alguma forma nunca é afetado por acontecimentos externos.
Quando eu era pequena e já lutava há muito tempo com as coisas dentro e fora de mim eu lembro de ter lido em algum lgar a história de um poeta que tinha, se não me engano, síndrome de aspenger, e que por isso, numa certa idade ele se mudou pra uma cabana isolada de tudo e ficou lá até morrer. Desde que eu li essa história anos atrás tenho pensado se existe pra mim uma cabana como a dele em algum lugar. E sempre, sempre que me encontro em uma situação desconfortável ou desesperadora eu me lembro imediatamente da cabana. Acho que, basicamente, fico me perguntando se existe paz pra mim.

Estou resgatando tudo isso porque passou muito tempo desde o último post, onde eu ainda estava enrolada com a matrícula da faculdade e tudo parecia muito incerto. Agora eu já estou matriculada, me instalei na outra cidade, frequentei algumas aulas, e ainda assim tudo parece muito incerto. Acontece que tive que fazer uma cirurgia que eu devia ter feito há tempos, mas quem sou eu pra saber a hora das coisas, certo? De qualquer forma, agora ao invés de estar socializando (ou tentando) com meus colegas de turma e estudando, estou em casa, longe da faculdade, sem poder me mexer direito e com a cabeça queimando de nervoso com as coisas que eu devia estar fazendo e não estou. Já perdi e ainda vou perder muitas aulas, e sinceramente, ainda não sei o que fazer pra contornar essa situação gigante. Ainda assim, devo dizer que estou muito nervosa mas não do jeito que eu ficava há uns anos atrás, onde eu era puro desespero. Agora estou nervosa e preocupada, mas mantenho dentro de mim aquela ilha de calma que me diz que tudo tem um jeito. Até porque, sejamos sinceros, tudo tem um jeito.
Mas a realidade não é tão simples como repetir para si mesmo uma frase, e por mais bonita que seja a esperança vaga, ela não resolve nada na prática. Mas o que eu estou tentando conseguir mesmo com esse texto é assegurar pra mim mesma de que quando tudo isso acabar, aquela parte dentro de mim que é a única que importa para eu seguir vivendo vai estar intacta.

Infelizmente estou meio sem tempo e paciência pra trabalhar melhor esse post. Então, que fique assim por enquanto.

Bonne nuite,
toujours Dill, xx.