Eu sempre volto aqui diferente. Com algo diferente a dizer. Por mais que às vezes eu escreva a mesma coisa.
Hoje eu acordei cedo pra uma aula que eu pensei ser 9h mas era 11h. Como consequência, estou sentada na cama desde que tomei café. Inclusive já estou almoçando em sequência.
Tomei meu café, bastante, e acho que me deu fome.
Hoje excepcionalmente vou pra aula com o texto lido. Depois vou ter 4 horas e pouca de tempo livre, mas não sei se venho pra casa ou fico na faculdade estudando. Às vezes planejo uma coisa com a coragem que tenho em casa, e quando chego lá estou fraca demais pra enfrentar olhares humanos.
Estou tentando voltar aos poucos com a fotografia. É engraçado porque eu acabo fazendo o mesmo caminho do início: primeiro (re)criando um olhar curioso, aproveitando melhor as oportunidades, procurando ver mais cenários ao meu redor. Tudo é uma moldura, o tempo todo, é realmente só uma questão de ver. Como sempre digo, a fotografia está quase inteiramente dentro do fotógrafo. Bom, tenho voltado a tirar fotos com o celular como fazia no início, porque é o que está sempre à mão. Espero ir voltando a ter a curiosidade e um pouco de pretensão que eu descobri ser necessário também, haha. Acho que você precisa acreditar que tem algo a dizer antes de realmente fazê-lo.
Está quase na hora de sair e estou me sentindo meio frágil. Mas é aquilo, eu sempre vou, do jeito que estiver.
Nunca sei direito o que fazer, só tento ter alguns momentos de alegria no meio, pra continuar no caminho.
Nada aconteceu, mas as possibilidades sempre me assustam.
Não queria escrever nada de especial, como dá pra ver. Sigo com um incômodo generalizado, mas hoje em especial me sinto um pouco mais forte. A semana está acabando e isso é sempre bom. Um fim do mundo de cada vez.
Dill, xx.
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
terça-feira, 25 de setembro de 2018
To write, to die.
Eu tenho escrito muito, em vários lugares diferentes, com a minha introspecção crescendo, e é engraçado como cada lugar meio que pede uma coisa diferente de mim. Aqui, por mais que eu não queira, sempre tenho uma coisa de começar os posts contando sobre os últimos acontecimentos, por mais desinteressantes que sejam. É como se eu falasse com uma pessoa específica que vejo de tempos em tempos, e a quem eu devesse um certo boletim de explicações. Ou talvez seja também uma forma de manter um registro da minha vida aqui. Não sei. De qualquer forma, tenho escrito em vários lugares, inclusive e principalmente na minha cabeça. Fico boa parte do dia criando narrativas, descrevendo o que acontece comigo como se fosse um livro. Gosto muito disso, porque deixa as coisas mais interessantes, eu acho. É que na vida real, minha decisão de fazer um café em casa ou sair pra tomar na rua é extremamente desinteressante, não importa a ninguém. Mas nos livros, nas narrativas, isso é quase tão importante quanto o que "acontece de verdade", porque envolve pensamentos, decisões, intenções. Tomo café em casa porque estou precisando economizar? Porque gosto de ter esse momento comigo mesma, num processo meio ritualístico que remete a uma vida doméstica, em família? Estou com pressa porque o dia vai ser cheio e me sinto acumulada? Isso tudo importa e é descrito em volta de um acontecimento banal, pelo menos nos livros, e pensar em forma de narrativa me ajuda a dar um pouco de importância às pequenas decisões de todo dia.
Ultimamente, se minha vida fosse um livro ou um filme, seria aquele típico início, onde o personagem se encontra preso em uma rotina vazia e sem significado, quase esperando algo acontecer pra mudar tudo. A grande diferença é que na vida real a mudança raramente vem sem uma atitude que cause isso.
Há pouco tempo, consegui marcar um psicólogo, minha mãe decidiu deixar (apesar de ser a minha irmã quem vai pagar, pelo que entendi). Isso me aliviou muito, agora mesmo que eu entre nas crises de novo, pensar que tenho um dia marcado em que vou poder pedir e receber ajuda tira todo o peso de fatalidade que sinto nessas horas.
Meu dia-a-dia continua insegura, apático e auto-destrutivo, aonde eu faço o mínimo pra continuar. Continuo tentando viver os dias separadamente, como pingentes muito distantes entre si unidos por uma corrente fraca. Não gosto de saber que tudo o que vivo está na mesma vida, tanto vazio no mesmo lugar.
É estranho como o vazio também pode encher, sufocar.
Eu com certeza me sinto sufocada.
Dill, xx.
Ultimamente, se minha vida fosse um livro ou um filme, seria aquele típico início, onde o personagem se encontra preso em uma rotina vazia e sem significado, quase esperando algo acontecer pra mudar tudo. A grande diferença é que na vida real a mudança raramente vem sem uma atitude que cause isso.
Há pouco tempo, consegui marcar um psicólogo, minha mãe decidiu deixar (apesar de ser a minha irmã quem vai pagar, pelo que entendi). Isso me aliviou muito, agora mesmo que eu entre nas crises de novo, pensar que tenho um dia marcado em que vou poder pedir e receber ajuda tira todo o peso de fatalidade que sinto nessas horas.
Meu dia-a-dia continua insegura, apático e auto-destrutivo, aonde eu faço o mínimo pra continuar. Continuo tentando viver os dias separadamente, como pingentes muito distantes entre si unidos por uma corrente fraca. Não gosto de saber que tudo o que vivo está na mesma vida, tanto vazio no mesmo lugar.
É estranho como o vazio também pode encher, sufocar.
Eu com certeza me sinto sufocada.
Dill, xx.
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Depois desse tempo todo nesse semestre e no anterior que foram os mais sofridos pra mim até agora, finalmente cheguei a conclusão que estou em depressão de novo. Não foi fácil chegar a isso porque dessa vez tem sido diferente; se antes minhas crises constantes de choro, de desespero e minha impossibilidade de fazer as coisas deixavam bem claro pra mim que alguma coisa estava muito errada, agora eu estou passando por uma longa fase de apatia e faltas. Falta de vontade da maioria das coisas. Estou perdendo até o pouco que eu tinha de vontade, coisas que sempre me moviam a fazer algo agora estão tristemente paradas, e eu olho pra elas sem conseguir fazer nada mais que olhar.
Também estou vivendo um esgotamento progressivo desde o início do ano, mesmo que eu tenha sentido uma boa melhora há um tempo. Mas fico constantemente lutando por muito pouco, pela pouca vontade de fazer algo pelo dia seguinte, pela semana seguinte.
Como já falei aqui, tenho chorado pouco apesar disso, porque estou simplesmente apática, meio morta. Esse é realmente o período mais parecido com o ensino médio que eu já tive desde que saí de lá. Lembro de me sentir exatamente assim. Uma tristeza enorme e constante, um peso cada vez maior nos dias, difíceis de se seguirem, mas ao mesmo tempo, eu continua ininterruptamente. Não faltava um dia de aula. E da mesma forma, período após período estou aqui, cada vez um pouco mais vazia.
Não sei se foi uma boa ideia escrever agora porque eu estou tão esgotada que não consigo colocar as ideias em ordem, do que escrever primeiro ou depois.
Só sei que isso tudo está muito, muito mal, e eu continuo sem saber o que fazer porque não posso pagar um psicólogo, não posso pagar os antidepressivos, não posso usar o psicólogo grátis daqui nem de casa porque nunca estou constantemente em nenhum desses lugares.
É aqui que estou agora.
Também estou vivendo um esgotamento progressivo desde o início do ano, mesmo que eu tenha sentido uma boa melhora há um tempo. Mas fico constantemente lutando por muito pouco, pela pouca vontade de fazer algo pelo dia seguinte, pela semana seguinte.
Como já falei aqui, tenho chorado pouco apesar disso, porque estou simplesmente apática, meio morta. Esse é realmente o período mais parecido com o ensino médio que eu já tive desde que saí de lá. Lembro de me sentir exatamente assim. Uma tristeza enorme e constante, um peso cada vez maior nos dias, difíceis de se seguirem, mas ao mesmo tempo, eu continua ininterruptamente. Não faltava um dia de aula. E da mesma forma, período após período estou aqui, cada vez um pouco mais vazia.
Não sei se foi uma boa ideia escrever agora porque eu estou tão esgotada que não consigo colocar as ideias em ordem, do que escrever primeiro ou depois.
Só sei que isso tudo está muito, muito mal, e eu continuo sem saber o que fazer porque não posso pagar um psicólogo, não posso pagar os antidepressivos, não posso usar o psicólogo grátis daqui nem de casa porque nunca estou constantemente em nenhum desses lugares.
É aqui que estou agora.
domingo, 16 de setembro de 2018
The damaged heart can't sleep at night
É sempre muito ruim vir aqui com um monte de coisas pra fazer, como estou agora. Minha cabeça fica indo longe e voltando, mas queria me concentrar aqui um pouco.
É domingo e estou em casa pelo segundo fim de semana seguido, apesar de nesse eu ter tido quase tempo nenhum livre. Cheguei literalmente ontem e vou embora amanhã cedo, pelo que vejo. Passei um tempo com minha irmã, e apesar de ter vindo no ônibus fazendo uma lista bem grande de afazeres pro fim de semana, não fiz nada relacionado a faculdade. Ontem à noite comecei a ficar muito nervosa com isso, porque minha ansiedade sempre piora de noite. Machuquei meus dedos de tanto roer as unhas de novo, e aliás, estou com tipo duas unhas úteis só. Estou assim há mais ou menos um mês eu acho, a ansiedade crescendo ao longo do avanço do semestre. As coisas estão aumentando e estou fazendo bem pouco, indo pouco nas aulas e me mantendo afastada de corpo e mente da faculdade. Essa fuga mental das coisas é a pior pra mim, porque não importa aonde eu esteja, com ou sem tempo, tenho sentido muita dificuldade de mergulhar nas matérias, ler textos inteiros, compreender os assuntos e construir em cima deles. Estou muito alheia à tudo da faculdade, claramente querendo ir embora. Já faz tempo que quero ir embora.
Mas estou tentando fazer essas coisas ficarem mais toleráveis, de algumas maneiras. É um esforço gigantesco pra mim não me deixar desesperar, pensar numa coisa de cada vez. Tudo vem em um turbilhão que parece impossível de controlar e eu tenho que fazer muita força todo dia pra não ser engolida.
Achei que hoje ia ser muito difícil, mas até que estou levando o dia.
Lavei o cabelo hoje, fiz exercícios, ascendi um incenso no quarto, vim escrever aqui. Estou tentando.
Ontem foi um dia legal. Como sempre, assim que venho pra casa quero ir pro shopping, me vestir e passear. Continuo sem conseguir ou querer tirar fotos, mas quero sempre sair e ver coisas, comprar o máximo possível, comer e esquecer sempre. Tudo o que der.
Ontem saí com minha irmã, olhei quase todas as lojas de roupas, quis comprar uma blusa que não consegui, mas comprei uma camisa xadrez. Mais uma pra coleção. Dessa vez é uma preta, do jeito que sempre quis. Estava sentindo falta de algo preto pra me cobrir, já que tenho me sentido muito mal com meu corpo. Tenho a impressão que as minhas manchas pioraram muito nesse ano, me parecem mais escuras e em maior quantidade. Não consigo mais usar blusas sem manga, e mesmo as camisetas me incomodam um pouco. Estou me sentindo muito mal com isso, por isso queria muito algo novo pra me cobrir no verão.
Às vezes me pergunto se as pessoas percebem como estou mal. Não sei se essas coisas são visíveis, mas eu não tenho conseguido olhar muito pro meu rosto, nunca mais tirei fotos direito, etc. Sinto meu rosto abatido, cansado. Me pergunto se isso é visível ou é uma daquelas fases que depois quando a gente olha fotos não entende por quê nos víamos de um jeito ou de outro.
Bom, ontem também fui comprar brincos novos já que usar os meus que dão alergia está ficando impossível. Consegui achar uns de metal que acho que não dão alergia, e por um preço bem barato. Comprei 3 por menos de 8 reais. Já vão me aliviar, e se realmente não me derem alergia, vou deixar todos os outros. Fiquei feliz com isso, porque comprei eles depois de estar um pouco triste por não ter podido comprar a camiseta que eu queria. Era bordada e rasgada, com escrita punk. Uma pena, mas esse mês realmente tenho que ter cuidado.
Bom, não sei mais o que eu queria dizer aqui. Estou lendo o livro de Objetos cortantes basicamente porque a série me chocou e foi me impactando progressivamente depois que a terminei. Não conseguia tirar a Camille e a história da cabeça por dias, e finalmente resolvi ler o livro. Continuo me encantando pela Camille, assustada e triste pela sua história. Me sinto muito parecida com ela, com a mistura de luta por viver uma vida normal sendo completamente anormal, a fuga constante, a violência gigante que cerca ela, e principalmente a coisa literal do corpo marcado (apesar de ela ter se auto-infligido as marcas). Ainda assim poucas histórias falam de corpos visivelmente marcados, que tem que ser escondidos. De viver com um corpo que não pode ser público. Gosto demais da Camille. Acho que vou reler esse livro várias vezes ao longo da vida.
Continuo dizendo que não sei o que seria de mim sem as artes. Acho que a impossibilidade de viver no mundo real me coloca automaticamente nos mundos representativos. Onde as coisas não precisam exatamente ser, basta significar.
Estou com saudade de tempos calmos, e confusa quanto aos atuais. Tentando desenvolver estratégias, desistindo, e tentando de novo em seguida.
Ainda quero parar de sentir as coisas.
Dill, xx.
P.S.: Quando estou muito triste ultimamente, só consigo ouvir Up all night repetidamente. Fala de estar sozinha e com medo depois de muito tempo, sobre não dormir direito. Sobre arrependimento também. Acho que vejo um coração endurecido e arrependido nessa música, mas não sei se estou vendo a música ou a mim mesma.
💜 💜 💜 💜
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Numb + blind
Acordei mais cedo que o normal com o propósito de estudar e ler umas coisas que tenho que ler. Mas estava desanimada desde que abri os olhos, e estou querendo escrever desde ontem.
Que eu estou desanimada desde o início do ano está bem claro nesse blog. Estou numa fase longa e difícil, e com certeza tentando o meu melhor nela.
Ontem tive uma aula sobre Winnicott que gostei muito, acho que dentre as psicanálises que vi até agora é a mais coerente pra mim. O professor deu alguns exemplos sobre casos de pacientes, e eu me identifiquei muito, e continuo pensando que necessito de um psicólogo, mesmo sem a menor ideia de como fazer isso.
Acho que queria escrever aqui pra falar do vazio criativo que tenho sentido, e que tem me incomodado muito. Já faz tempo que eu não estava conseguindo sequer pegar na minha câmera, sem nenhuma vontade de olhar nela, apontar pra alguma coisa e tirar uma foto. Essa é a maior prova pra mim de que a fotografia é quase completamente uma coisa interior, muito pouco dependente de equipamentos, porque agora eu tenho os instrumentos, mas a fotografia dentro de mim está morta, e não tem nenhuma câmera que conserte ou emende isso. Não consigo mais tirar fotos, muito menos editar. Eu abro o lightroom e tudo me parece ridículo, insignificante. Consigo ver muito pouco naquelas fotos.
Acho que perdi o objeto, o olhar. Não sei mais o que me interessa, o que me instiga. O que significa que nada mais me interessa ou instiga. Ou algo assim. Continuo tendo algumas coisas nesse sentido, mas talvez nada que eu consiga acessar ou representar no mundo, de forma que pra mim, não existe mais nada que valha a pena registrar lá.
Talvez eu esteja em um ápice da minha introversão. Estou quase completamente imersa, o que me deixa meio cega pro que está fora.
Isso é muito chato pra mim porque uma das coisas que me ancorava no dia-a-dia era exercitar o olhar pra isso, encontrar coisas bonitas no mundo ou torná-las bonitas pela fotografia. Dar uma forma pros pequenos caos aleatórios, enquadrar uma tristeza ou um segredo que eu encontrava em um lugar ou outro. Agora não consigo ver nada, e tudo me parece muito do mesmo, ou coisa alguma.
E ao mesmo tempo, tenho estado muito entretida com coisas que aludem a destruição, mais do que o normal. Porque isso sempre me atraiu, e eu sempre brinco com o fim das coisas, o fim de tudo ou só de mim mesma. E nesse momento de desligamento com o mundo, uma das poucas coisas aonde vejo sentido é na destruição. Brincar com a fragilidade das coisas tem atraído meus olhos e o pouco que ainda tem no meu coração. Acho engraçado como tem toda uma estética envolvida nisso, e que é muito bem representada na cultura atual, que parece ter saído do tumblr e afins, e está até mesmo tomando as lojas de roupas, apesar de não todas. Aliás, tenho tido muita curiosidade sobre isso, sobre os modos de representação dos jovens hoje. Apesar de não ter feito nenhuma pesquisa técnica sobre isso ainda, é muito fácil perceber os padrões que se repetem, e a destruição, a insensibilidade forçada e exibida, a fuga constante mas não desesperada, e uma forte recusa a todo tipo de compromisso com certeza são algumas das coisas que são gritadas nesses meios. Quero dizer, tem muito mais coisa mostrada e envolvida nisso, e talvez eu esteja deixando de ver muito ou vendo muito de mim mesma em tudo, mas não devo estar 100% errada.
Queria falar bem mais sobre isso mas estou um pouco atrasada pra faculdade e o mundo continua lá.
Acho importante dizer que estou tentando me manter longe dos sentimentos, já que está bem claro que não estou pronta pra nada do tipo. Na verdade, acho que já disse isso no último post, quando falei sobre tentar me desligar e sumir do jeito que der. Não disse com essas palavras, mas era isso que significava. Estou tentando me manter o mais longe possível, de mim e dos outros, e tenho feito isso quimicamente, se posso dizer assim. Café pra acordar, remédio pra dormir, e assim vou. Eu digo que se eu tiver uma biografia ela vai se chamar Café e Rivotril, hahaha.
Eu queria falar sobre como estou me sentindo fora de lugar, e sem lugar nenhum, mas não sei se dá tempo. Sei que é algo relacionado a não me sentir em casa em lugar nenhum que não seja minha casa literalmente, o que ainda tem suas exceções. Às vezes me sinto muito sem controle e sem voz nos lugares, e quando acontece em todos os lugares, eu desabo um pouco. É muito desesperador não ter lugar, ter um corpo que não ocupa, só transita. Ninguém foi feito pra isso.
Vou ter que voltar nesse assunto outro dia.
Dill, xx.
P.S.: Tenho ouvido Without love da Alice Glass repetidamente. Ontem ouvi o dia inteiro. Acho meio óbvio o por quê.
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
Drugs
Está muito tarde e eu com certeza já devia estar dormindo. Mas queria falar umas coisas.
Amanhã devo acordar cedo pra sair com minhas irmãs, e já estou com sono, literalmente. Vou ter que tomar muito café.
Desde que cheguei em casa estou me sentindo meio confusa, atordoada. Acho que em parte é por causa da ansiedade que eu estava justamente de vir pra casa logo, e agora que estou aqui fico ainda nesse ritmo da ansiedade, da antecipação, como se algo ainda estivesse pra acontecer.
E isso é parte do problema que está me incomodando um pouco também: por causa da minha ansiedade/pânico quase constantes e a necessidade de estudar ou simplesmente estar acordada pras coisas tem me feito usar muitas coisas pra me colocar nos estados que eu preciso. Ou seja, estou me dopando sempre, todo dia, e isso me incomoda um pouco. Claro que prefiro poder controlar meus estados, mas não posso deixar de sentir que estou fazendo mal pro meu corpo tomando clonazepam e grandes quantidades de café ao mesmo tempo.
Eu tinha começado um post que acho que não publiquei, aonde eu falava que estou tendo dificuldades com os acontecimentos do meu dia-a-dia. Existir sob os olhos, sob a imaginação, o pensamento dos outros tem sido muito pesado pra mim, não sei dizer por quê.
Dia 01/09 eu escrevi: "Apesar disso, ainda tenho dificuldade em encarar coisas do dia-a-dia. Nesse semestre, talvez pela exaustão emocional de tudo que aconteceu no último, eu estou simplesmente tentando esquecer tudo. Cada dia que vivo tento esquecer na mesma noite e acordar sem saber de nada. Finjo, não penso, deixo a maioria das coisas o mais longe possível. Se existisse um jeito de apagar a memória diariamente, eu faria. Acumular as sensações de fracasso e falha de todo dia é uma das coisas que mais me destrói. E estou sentindo dificuldade exatamente nisso hoje.
Estou repassando quase sem parar em alguns momentos, coisas que aconteceram na semana, principalmente no final. Eu repasso palavras, expressões, vejo tudo de novo e de novo e de novo, o suficiente pra tirar um significado ruim de quase qualquer coisa."
É assim que eu tenho estado sem os remédios, cafés e etc. Agora, enquanto escrevo, o remédio e o sono me fazem ficar afastada das sensações, como eu quero. Mas ao mesmo tempo, isso me prejudica porque acabo não conseguindo pensar, planejar ou raciocinar tão bem. Vou deixando tudo passar, tudo ir embora, mas uma hora vou encontrar tudo e tenho medo de ser demais de novo.
Eu não sei o que estou sentindo direito por causa de tudo que eu tomo, mas tenho estado muito ansiosa e triste. Hoje eu fiquei muito triste aqui em casa e chorei muito, sem motivo evidente. Estou sempre sofrendo por coisas invisíveis e sem nome, coisas que não sei o quê, como ou quando. Até o meu sofrimento é meio perdido.
Mas nada é tão ruim, e enquanto não estou chorando ou me desesperando, estou tendo momentos bons, e agora que é início de mês estou podendo realizar alguns sonhos de algum tempo. Ontem de madrugada finalmente comprei um tripé pra usar com a minha câmera. Tenho me sentido muito sem criatividade pra fotografia, e principalmente não tenho gostado do que fotografo. Estou tentando entender, e acho que passei de uma fase de registrar o que eu via pra uma fase de criar o que eu vejo, e estou querendo mais criar fotos do que simplesmente clicar. Mas não acho que sou muito boa em criar. De qualquer forma, tenho sentido falta de um tripé há muito tempo, e pude (mais ou menos) comprar agora. Quando chegar vou poder fazer minhas fotos *o*.
Hoje também realizei um sonho de algum tempo: comprei uma roseira pra mim. Eu estava meio doida por um planta já há um tempo, e vi uma roseira de um rosa claro que achei perfeita. Trouxe ela hoje. Procurei já algo sobre cuidados com roseiras e espero conseguir criar essa. Vai ser linda, aonde quer que eu coloque ela.
Eu ia tentar ler alguma coisa da faculdade agora, mas estou muito cansada mesmo. Acho que vou desistir.
Neste exato momento não me sito triste ou ansiosa. Não sinto nada na verdade. Tenho estado bastante assim, me distanciando propositalmente, cada vez mais. Não sei onde posso ir com isso.
Sigo enfrentando o impossível todo dia, rejeitando afeição e me sentindo presa, atrasada. Mas tudo isso tem como ser visto de um jeito diferente. Às vezes eu consigo ver isso e é muito bom. Mas quando some, nunca me lembro. É como se à noite eu esquecesse da existência do dia. E tudo é noite até que o dia volte.
Estou tentando me lembrar. Preciso lembrar.
Dill, xx.
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