Eu tenho escrito muito, em vários lugares diferentes, com a minha introspecção crescendo, e é engraçado como cada lugar meio que pede uma coisa diferente de mim. Aqui, por mais que eu não queira, sempre tenho uma coisa de começar os posts contando sobre os últimos acontecimentos, por mais desinteressantes que sejam. É como se eu falasse com uma pessoa específica que vejo de tempos em tempos, e a quem eu devesse um certo boletim de explicações. Ou talvez seja também uma forma de manter um registro da minha vida aqui. Não sei. De qualquer forma, tenho escrito em vários lugares, inclusive e principalmente na minha cabeça. Fico boa parte do dia criando narrativas, descrevendo o que acontece comigo como se fosse um livro. Gosto muito disso, porque deixa as coisas mais interessantes, eu acho. É que na vida real, minha decisão de fazer um café em casa ou sair pra tomar na rua é extremamente desinteressante, não importa a ninguém. Mas nos livros, nas narrativas, isso é quase tão importante quanto o que "acontece de verdade", porque envolve pensamentos, decisões, intenções. Tomo café em casa porque estou precisando economizar? Porque gosto de ter esse momento comigo mesma, num processo meio ritualístico que remete a uma vida doméstica, em família? Estou com pressa porque o dia vai ser cheio e me sinto acumulada? Isso tudo importa e é descrito em volta de um acontecimento banal, pelo menos nos livros, e pensar em forma de narrativa me ajuda a dar um pouco de importância às pequenas decisões de todo dia.
Ultimamente, se minha vida fosse um livro ou um filme, seria aquele típico início, onde o personagem se encontra preso em uma rotina vazia e sem significado, quase esperando algo acontecer pra mudar tudo. A grande diferença é que na vida real a mudança raramente vem sem uma atitude que cause isso.
Há pouco tempo, consegui marcar um psicólogo, minha mãe decidiu deixar (apesar de ser a minha irmã quem vai pagar, pelo que entendi). Isso me aliviou muito, agora mesmo que eu entre nas crises de novo, pensar que tenho um dia marcado em que vou poder pedir e receber ajuda tira todo o peso de fatalidade que sinto nessas horas.
Meu dia-a-dia continua insegura, apático e auto-destrutivo, aonde eu faço o mínimo pra continuar. Continuo tentando viver os dias separadamente, como pingentes muito distantes entre si unidos por uma corrente fraca. Não gosto de saber que tudo o que vivo está na mesma vida, tanto vazio no mesmo lugar.
É estranho como o vazio também pode encher, sufocar.
Eu com certeza me sinto sufocada.
Dill, xx.
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