É sempre muito ruim vir aqui com um monte de coisas pra fazer, como estou agora. Minha cabeça fica indo longe e voltando, mas queria me concentrar aqui um pouco.
É domingo e estou em casa pelo segundo fim de semana seguido, apesar de nesse eu ter tido quase tempo nenhum livre. Cheguei literalmente ontem e vou embora amanhã cedo, pelo que vejo. Passei um tempo com minha irmã, e apesar de ter vindo no ônibus fazendo uma lista bem grande de afazeres pro fim de semana, não fiz nada relacionado a faculdade. Ontem à noite comecei a ficar muito nervosa com isso, porque minha ansiedade sempre piora de noite. Machuquei meus dedos de tanto roer as unhas de novo, e aliás, estou com tipo duas unhas úteis só. Estou assim há mais ou menos um mês eu acho, a ansiedade crescendo ao longo do avanço do semestre. As coisas estão aumentando e estou fazendo bem pouco, indo pouco nas aulas e me mantendo afastada de corpo e mente da faculdade. Essa fuga mental das coisas é a pior pra mim, porque não importa aonde eu esteja, com ou sem tempo, tenho sentido muita dificuldade de mergulhar nas matérias, ler textos inteiros, compreender os assuntos e construir em cima deles. Estou muito alheia à tudo da faculdade, claramente querendo ir embora. Já faz tempo que quero ir embora.
Mas estou tentando fazer essas coisas ficarem mais toleráveis, de algumas maneiras. É um esforço gigantesco pra mim não me deixar desesperar, pensar numa coisa de cada vez. Tudo vem em um turbilhão que parece impossível de controlar e eu tenho que fazer muita força todo dia pra não ser engolida.
Achei que hoje ia ser muito difícil, mas até que estou levando o dia.
Lavei o cabelo hoje, fiz exercícios, ascendi um incenso no quarto, vim escrever aqui. Estou tentando.
Ontem foi um dia legal. Como sempre, assim que venho pra casa quero ir pro shopping, me vestir e passear. Continuo sem conseguir ou querer tirar fotos, mas quero sempre sair e ver coisas, comprar o máximo possível, comer e esquecer sempre. Tudo o que der.
Ontem saí com minha irmã, olhei quase todas as lojas de roupas, quis comprar uma blusa que não consegui, mas comprei uma camisa xadrez. Mais uma pra coleção. Dessa vez é uma preta, do jeito que sempre quis. Estava sentindo falta de algo preto pra me cobrir, já que tenho me sentido muito mal com meu corpo. Tenho a impressão que as minhas manchas pioraram muito nesse ano, me parecem mais escuras e em maior quantidade. Não consigo mais usar blusas sem manga, e mesmo as camisetas me incomodam um pouco. Estou me sentindo muito mal com isso, por isso queria muito algo novo pra me cobrir no verão.
Às vezes me pergunto se as pessoas percebem como estou mal. Não sei se essas coisas são visíveis, mas eu não tenho conseguido olhar muito pro meu rosto, nunca mais tirei fotos direito, etc. Sinto meu rosto abatido, cansado. Me pergunto se isso é visível ou é uma daquelas fases que depois quando a gente olha fotos não entende por quê nos víamos de um jeito ou de outro.
Bom, ontem também fui comprar brincos novos já que usar os meus que dão alergia está ficando impossível. Consegui achar uns de metal que acho que não dão alergia, e por um preço bem barato. Comprei 3 por menos de 8 reais. Já vão me aliviar, e se realmente não me derem alergia, vou deixar todos os outros. Fiquei feliz com isso, porque comprei eles depois de estar um pouco triste por não ter podido comprar a camiseta que eu queria. Era bordada e rasgada, com escrita punk. Uma pena, mas esse mês realmente tenho que ter cuidado.
Bom, não sei mais o que eu queria dizer aqui. Estou lendo o livro de Objetos cortantes basicamente porque a série me chocou e foi me impactando progressivamente depois que a terminei. Não conseguia tirar a Camille e a história da cabeça por dias, e finalmente resolvi ler o livro. Continuo me encantando pela Camille, assustada e triste pela sua história. Me sinto muito parecida com ela, com a mistura de luta por viver uma vida normal sendo completamente anormal, a fuga constante, a violência gigante que cerca ela, e principalmente a coisa literal do corpo marcado (apesar de ela ter se auto-infligido as marcas). Ainda assim poucas histórias falam de corpos visivelmente marcados, que tem que ser escondidos. De viver com um corpo que não pode ser público. Gosto demais da Camille. Acho que vou reler esse livro várias vezes ao longo da vida.
Continuo dizendo que não sei o que seria de mim sem as artes. Acho que a impossibilidade de viver no mundo real me coloca automaticamente nos mundos representativos. Onde as coisas não precisam exatamente ser, basta significar.
Estou com saudade de tempos calmos, e confusa quanto aos atuais. Tentando desenvolver estratégias, desistindo, e tentando de novo em seguida.
Ainda quero parar de sentir as coisas.
Dill, xx.
P.S.: Quando estou muito triste ultimamente, só consigo ouvir Up all night repetidamente. Fala de estar sozinha e com medo depois de muito tempo, sobre não dormir direito. Sobre arrependimento também. Acho que vejo um coração endurecido e arrependido nessa música, mas não sei se estou vendo a música ou a mim mesma.
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